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Uma crise russa

, Uma crise russa, Capital AbertoEm meados de agosto de 1998, duas semanas após a privatização do sistema Telebras, marco da modernização das telecomunicações no Brasil, o mundo foi sacudido por tremores na economia russa. A turbulência foi um mero desdobramento da chamada crise asiática, que irrompera em julho de 1997 e engolfara as moedas de Coreia do Sul, Filipinas, Malásia, Taiwan e Tailândia, com repercussões graves também para Cingapura, Hong Kong e Japão.

A Rússia, governada por Boris Yeltsin, havia se tornado a maior tomadora do Fundo Monetário Internacional (FMI) em todos os tempos. Vivia em um emaranhado de dívidas, com desorganização econômica, sonegação fiscal e inadimplência interna generalizadas. Mais da metade da população não pagava impostos. A produtora estatal de gás natural Gazprom, maior contribuinte russa, devia o equivalente a US$ 2 bilhões em tributos; ao mesmo tempo, fornecia gás ao governo e a indústrias que lhe davam o calote.

Na primeira semana de agosto, o índice da Bolsa de Moscou perdeu 24% de seu valor, e a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota das dívidas russas em moeda estrangeira. O presidente Yeltsin precisou interromper suas férias de verão para retornar ao batente em Moscou. Em 16 de agosto, o governo e o Banco Central sucumbiram às pressões sobre o rublo. Foi decretada moratória internacional de 90 dias, desvalorizada a moeda em 33% e suspensas as negociações com bônus internos de curto prazo. Era a senha para que o mercado internacional de crédito mergulhasse em novas e graves incertezas, com acelerada depreciação de todos os ativos financeiros ao redor do mundo, inclusive, das ações das companhias de telecomunicações recém-privatizadas no Brasil.

O fato é que se tivesse havido qualquer delonga do governo brasileiro para a definição do leilão das empresas Telebras, marcado para 28 de julho, a oportunidade teria sido perdida. Seriam providências difíceis, ainda mais sob o fogo cerrado da oposição, às vésperas da eleição presidencial de outubro de 1998. Entretanto, o povo referendou o acerto da decisão, reelegendo Fernando Henrique Cardoso, três meses após a privatização.

Há duas hipóteses plausíveis, caso o cronograma sofresse qualquer adiamento. A arrecadação conseguida pelo Brasil no leilão teria sido muito inferior aos US$ 31 bilhões obtidos, correspondentes, à época, a R$ 37 bilhões. Ou então, talvez, ainda estivéssemos patinando na ineficiência das telecomunicações em mãos de empresas estatais.


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