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Reinado em risco
Ações, FIPs e FIDC s saem à frente e tiram o trono das debêntures, líderes ao longo de seis anos

De 2001 até 2006, as debêntures lideraram o ranking anual de ofertas no mercado de capitais, movimentando R$ 155 bilhões. Em 2007, no entanto, as emissões de dívida corporativa ocupavam, até 24 de abril, um modesto quarto lugar. Segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), somavam R$ 1,79 bilhão, atrás das ações (R$ 15,2 bilhões); das cotas de Fundo de Investimento em Participações – FIP (R$ 5,4 bilhões); e também das cotas de Fundo de Investimento em Direito Creditório – FIDC (R$ 2,4 bilhões).

Três dias depois, as debêntures roubaram a terceira colocação dos FIDCs, com o total de R$ 3,069 bilhões em ofertas registradas. Nesse período, foram incluídas as operações da Cyrela, no valor de R$ 500 milhões, e da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), de R$ 779,65 milhões. O avanço recente, no entanto, não é suficiente para aproximar os valores de 2007 aos de 2006. Nos quatro primeiros meses do ano passado, as emissões de debêntures totalizaram R$ 6,07 bilhões.

Os números parecem indicar que as debêntures podem estar perdendo espaço para outros papéis. É bom lembrar que o mercado acionário emitiu, em quatro meses, R$ 18,2 bilhões — o equivalente a 67% dos quase R$ 27 bilhões captados com ações em 2006. Mas, ainda que esta seja mesmo uma tendência, tem lá suas exceções. No final de abril, a Company publicou um fato relevante cancelando as ofertas primária e secundária de ações anunciadas em fevereiro e atribuindo a mudança às condições desfavoráveis do mercado. Ao mesmo tempo, para dar continuidade aos planos de investimentos, seu conselho de administração aprovou a emissão de R$ 75 milhões em debêntures simples. O pedido de registro da Company se somará aos R$ 5,97 bilhões de seis outras ofertas que estão sob análise da CVM.

A despeito da emissão da Company, o fato é que as emissões de debêntures de 2007 estão discretas. Será que a ausência das empresas de leasing, que concentraram boa parte das emissões de 2005 e de 2006, também não tem sua parte nesse desaquecimento?

DINHEIRO EM ESTOQUE — O presidente da Associação Brasileira de Leasing (Abel), Rafael Cardoso, explica que, nos últimos anos, a busca por recursos teria sido maior do que a demanda de curto prazo. Isso ocorre porque muitas empresas, para diluir os custos de uma emissão de debêntures, captam mais do que necessitam de imediato e acabam levando um tempo maior para retornar ao mercado. “Parece que a demanda por recursos das empresas de leasing é sazonal, mas na verdade há um grande estoque em tesouraria para ser utilizado.”

Outra razão para a forte redução nas captações com debêntures são os números de 2006, excepcionalmente elevados. Foram R$ 69,4 bilhões, num total de 47 operações. Só em dezembro, houve 11 ofertas de debêntures, num total de R$ 17,9 bilhões. Destas, oito foram registradas às vésperas das festas de fim de ano.

“É provável que parte significativa desses papéis só tenha sido colocada no mercado em 2007. Além disso, janeiro costuma ser mais fraco, o que tem reflexos nas emissões de março e abril, intervalo para a estruturação das operações. Já em fevereiro, o aumento da volatilidade fez o mercado promover uma espécie de parada técnica para avaliação do cenário futuro”, observa Paulo Sampaio, superintendente da Associação Nacional das Instituições de Mercado Aberto (Andima).

A estrutura atual das debêntures também pode ser uma explicação para a queda este ano. Hoje, 91% dos R$ 150 bilhões de títulos que estão em mercado é pós-fixado, atrelado ao CDI, apesar da redução da taxa básica de juros nas últimas 15 reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Esse tipo de remuneração é atualmente mais vantajosa para os emissores, já que reduzem o custo de captação conforme os juros caem. Enquanto isso, os papéis prefixados somam apenas R$ 200 milhões.

Mas os fatores que podem ajudar a explicar o sumiço das debêntures não se restringem ao mercado de capitais. A necessidade de recursos por parte das empresas diminuiu, já que muitas das emissões que inflaram os números dos anos anteriores foram utilizadas para alongar e até amortizar o endividamento do setor produtivo. O cenário, no entanto, pode mudar se as grandes obras de infra-estrutura em todos os segmentos, como as previstas pelo governo federal no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), saírem do papel.

“As grandes obras do setor elétrico, por exemplo, ainda não foram feitas. Nesses projetos, em geral utilizamos apenas de 30% a 40% de recursos próprios. O restante é captado no mercado, e uma das opções é a emissão de debêntures”, explica Cristiano Corrêa de Barros, superintendente de gestão de finanças corporativas da Cia. Energética de Minas Gerais (Cemig), uma das sete empresas a registrar oferta neste ano.


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