Pequenas falantes
No rastro das melhores práticas e do crescimento do mercado acionário, small caps intensificam comunicação com corretoras e investidores

, Pequenas falantes, Capital AbertoModestas na liquidez das suas ações, mas imponentes na comunicação com o mercado. Orçamento enxuto e equipe reduzida não têm impedido algumas small caps de se revelarem verdadeiras “gigantes” quando o assunto é prestar um atendimento ágil e consistente a analistas e investidores. A Rossi Residencial faz parte dessa turma. Com uma estrutura média de relações com investidores (RI), composta de quatro profissionais, incluindo o CFO, Cássio Audi, a companhia realiza entre 10 e 12 reuniões por ano com analistas no Brasil. Fora isso, a cada dois meses promove encontros com cerca de 70 grandes potenciais investidores nacionais e estrangeiros (geograficamente distribuídos por Estados Unidos, Europa e Ásia). Outro diferencial é contar com um especialista dedicado a atender, exclusivamente, o investidor individual. Ao todo, a base de acionistas da Rossi contém 17 mil pessoas físicas. “A comunicação com esse público requer mais cuidado”, avalia Audi.

As boas expectativas para a economia brasileira e o aumento da presença de investidores estrangeiros em busca de pechinchas no Brasil explicam, em grande parte, a vontade das small caps de se exporem ao mercado. “Essas empresas têm prestado um atendimento de muita qualidade. Pode ter uma ou outra na contramão, mas a maioria tem se comportado de forma irretocável”, elogia o analista-chefe da corretora Souza Barros, Clodoir Vieira.

Para ganhar a atenção dos departamentos de análise de bancos e corretoras, as small caps partiram para o ataque. No plano de ação, uma cartilha básica, porém eficiente. “O que fizemos foi reforçar a conversa ‘ao pé do ouvido’ com analistas e investidores”, conta Michael Ceitlin, diretor-superintendente e de relações com investidores da Mundial. Mesmo com uma equipe pequena, formada por três profissionais, a área de RI da companhia não faz corpo mole. Ceitlin garante que todas as consultas que chegam ao departamento são respondidas em, no máximo, 24 horas. Além disso, a equipe se reúne com 3 ou 4 corretoras por semana.

A Metalfrio, que se lançou na bolsa em 2007, também tem apostado numa comunicação mais direta, constante e transparente com o mercado. O conselho de administração da companhia passou a exigir dos executivos mais proximidade e proatividade na relação com analistas e investidores. A primeira providência, segundo Marcelo Epperlein, vice-presidente e diretor de relações com investidores, foi desvincular o departamento de RI da área financeira e criar uma estrutura independente. Duas profissionais foram contratadas para integrar a equipe. “Elas têm um perfil mais comercial e boa comunicação”, comenta o diretor, ao contar que ele próprio as treinou. “Tínhamos consciência de que o trabalho que estava sendo feito era insuficiente. Temos visto a sofisticação dos investidores institucionais e o ingresso expressivo de investidores pessoas físicas na base de acionistas”, diz.

O próximo passo, de acordo com Epperlein, é aumentar o corpo a corpo com o mercado e intensificar as visitas às corretoras. Em abril, o diretor da Metalfrio participou de dois chats: um na Souza Barros, em São Paulo, e outro na Prosper, em Belo Horizonte. “Temos a meta de responder os e-mails em D 2 e manter pelo menos um contato por dia com analistas. As corretoras entraram com força no radar dos RIs”, afirma. Na Metalfrio, as visitas aos analistas são avaliadas a partir de um indicador criado pela empresa para medir o retorno das audiências externas. “Mensalmente, reportamos esse índice ao conselho.”

Na Metalfrio, um indicador criado pela empresa mede o retorno das audiências externas

O Grupo Kepler Weber, com mais de 80 anos de história, é outra small cap que tem investido forte em comunicação. Atualizou o seu site, redefiniu o formato dos formulários legais e, em maio, realizou a primeira webcast para divulgação de resultados. Durante o evento, foram registrados 75 acessos de analistas, investidores e jornalistas. “Um grande sucesso para a primeira vez”, comemora o CFO Nolci Santos. Depois do anúncio, a empresa iniciou uma série de roadshows. Ao todo, visitou seis corretoras.

CONSULTORIA EXTERNA — Por mais que os departamentos de RI das small caps se desdobrem, nem sempre é possível dar conta de todo o trabalho. Longe de ser um sinal de fraqueza, a contratação de uma consultoria externa de RI para apoiar a área pode trazer inúmeras vantagens. Dentre elas, ajudar a empresa a repaginar sua imagem no mercado. Foi com esse objetivo que a Mundial contratou a Tamer Comunicação. “Passamos por uma ampla reestruturação que, aparentemente, o mercado não entendeu”, lamenta Ceitlin.

Há tempos, a Mundial vem passando por mudanças. Nos últimos três anos, se desfez de seus negócios na área industrial para se concentrar em produtos de consumo. Como parte dessa estratégia, em 2008, adquiriu a fabricante de esmaltes Impala. Em abril, mais uma novidade: a companhia anunciou que está pronta para aderir ao Nível I de governança corporativa da BM&FBovespa. “Os analistas e investidores agora compreendem muito melhor a estratégia da empresa”, tranquiliza Ceitlin.

Para Dóris Pompeu, sócia-presidente da Global RI, a decisão de buscar uma consultoria externa também decorre de uma mudança de pensamento das companhias. “Elas começaram a perceber que a área de RI, tratada em muitas ocasiões como centro de custo, é na verdade agregadora de valor.”

Luiz Moran, diretor do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), acredita que o desejo das smalls caps de aprimorar sua comunicação é um indicador de que os profissionais de RIs estão mais preocupados em se qualificar e seguir boas práticas. “Quem sai ganhando é o mercado como um todo”, conclui. Moran ressalta que o curso online que o Ibri criou há cerca de três meses para treinamento e capacitação de profissionais da área tem apresentado alta procura. “A reação inicial foi muito positiva.”

A presidente da MZ Consult na América Latina, Tereza Kaneta, lembra que, mesmo se a companhia não estiver totalmente preparada para transformar o modo como se relaciona com analistas e investidores, o importante é dar o primeiro passo. “Sinais de que a empresa está fazendo algo já são importantes para o mercado.” Essa lição, felizmente, as nossas small caps já aprenderam.


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