Em março de 1964, o Brasil estava à beira de uma convulsão política e econômica. O governo João Goulart se perdia em providências demagógicas e agressões à propriedade e à iniciativa privada: tabelamento de preços, ameaças e perseguições a empresas e empresários. Em plena guerra fria, o País parecia pender, definitivamente, para o lado da cortina de ferro.
No dia 13 daquele mês, o presidente da República decretou, num comício realizado na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, a desapropriação das refinarias de petróleo de propriedade particular. Eram quatro empresas apenas, todas com ações negociadas em bolsa: a Petróleo União, de Capuava; a de Manguinhos, no Rio de Janeiro; a Ipiranga, em Uruguaiana; e a do Amazonas, em Manaus. Pequenas, não ameaçavam nem de longe o monopólio da Petrobras. A hostilidade ao capital estrangeiro era crescente, mas nenhuma das refinarias tinha controle externo. Aquela operação denotava que, na realidade, o objetivo do governo era atingir a propriedade privada dos meios de produção. A marcha da estatização da economia parecia implacável.
Os sinais “antinegócios” emitidos pelo governo colocaram o mercado de ações em uma desvalorização constante desde 1963, interrompendo uma fase de grande expansão no ano anterior. Em 1962, com a inflação fora de controle, a busca por ações, que representavam ativos reais, era uma das ferramentas de defesa contra a desvalorização da moeda. Outro motivo para o ciclo positivo tinha sido uma intensa especulação em torno das ações da União Brasil Bolívia de Petróleo, subsidiária da Petróleo União que firmara contrato para exploração de óleo e gás em território boliviano.
A desapropriação das refinarias de controle privado serviu como impulso final de uma queda livre que as bolsas viveram por duas semanas até o fechamento de 31 de março, um dia antes da tomada de poder pelos militares. Os mercados reabriram somente em 6 de abril, após a definição das linhas do novo governo, pondo fim ao pânico vivido no primeiro trimestre. A estatização das refinarias foi anulada imediatamente. O mercado se prepararia para viver uma fase de grandes transformações institucionais, com a criação do Banco Central e da Lei do Mercado de Capitais (4.728, de 1965), até iniciar um novo período de alta, em 1967.
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