Pesquisar
Close this search box.
“MiniVale” ficou no sonho
MMX corta produção, suspende investimentos e ações despencam na bolsa de valores

, “MiniVale” ficou no sonho, Capital AbertoEmpresário Eike Batista começou o ano alardeando, para quem quisesse ouvir, que era o homem mais rico do Brasil. Nas suas contas, tinha uma fortuna de US$ 16 bilhões. Nos cálculos da Forbes, a bíblia que divulga anualmente a lista dos duzentos maiores magnatas do mundo, ele tinha um pouco menos. Ocupava a terceira – e não a primeira – posição no pódio dos mais endinheirados. No ano que vem, Batista certamente vai continuar fazendo parte da lista, mas com alguns bilhões a menos.

A MMX Mineração e Metálicos — primeira de suas empresas a abrir o capital na bolsa, ao arrecadar R$ 1,1 bilhão — sofreu um duro revés no segundo semestre do ano. A crise financeira mundial e a conseqüente queda na demanda por commodities levaram a direção da mineradora a anunciar interrupção na produção de siderurgia e minério de ferro na MMX Corumbá, Mato Grosso do Sul. Lá também foram suspensos os investimentos de US$ 200 milhões na construção de uma unidade de tarugo.

“Este novo cenário exige que a MMX ajuste seus programas de produção de metálicos e de minério de ferro, o que implicara uma redução do ritmo de suas operações neste último trimestre de 2008”, informou a empresa em comunicado. “Acreditamos que esta decisão contribuirá para reduzir os custos de nossas operações e evitar o aumento de estoques.” A companhia assegurou, ainda, que não fará demissões. Ao contrário do que se esperava, dois dias depois de anunciar cortes na produção e suspensão de investimentos, a MMX divulgou a compra de minas no Chile, em um negócio estimado em US$ 50 milhões.

De 30 de abril a 31 de outubro, as ações da mineradora recuaram 83,21%. Foi uma queda e tanto para uma empresa que chegou à bolsa, em julho de 2007, com projetos grandiosos que demandariam investimentos superiores a US$ 3,5 bilhões. A idéia inicial era produzir desde minério de ferro, pelotas, ferro-gusa, até semi-acabados de aço, incluindo integração logística por meio de porto e ferrovia. O sonho, cunhado pelo próprio Eike, era fazer da MMX uma miniVale.

Eram outros tempos, diga-se a verdade. O mercado mundial carecia de insumos, e a China estava sedenta de commodities para alimentar sua expansão. Em 2004, chegou a faltar ferro-gusa no mercado mundial. Agora, em contrapartida, sobra. O preço do minério de ferro está indo ladeira abaixo. Espera-se, para o ano que vem, um recuo da ordem de 15% a 40%. No mercado spot (à vista), o valor está hoje na casa de US$ 60 a US$ 70 a tonelada. Essa cifra, no entanto, já chegou a US$ 200, no ano passado. A demanda por aço também está em queda livre. A produção de aço bruto no país caiu 3,7% em outubro, na comparação com o mês anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Siderurgia. As vendas para o mercado externo, que já vinham diminuindo, caíram 26,4% em comparação com igual período em 2007

A fragilidade do mercado internacional não chegou a impactar o desempenho da mineradora no terceiro trimestre. O vermelho deixou o seu tom na última linha do balanço, que apresentou um prejuízo líquido de R$ 343,3 milhões, e sepultou o ganho de R$ 24 milhões do segundo trimestre, mas o estrago foi em razão de volumosas despesas financeiras com operações de hedge e variações cambiais. A receita bruta somou R$ 252,7 milhões, mais que o dobro dos R$ 121,3 milhões do segundo trimestre de 2008. E a geração operacional de caixa medida pelo Ebitda passou de R$ 24,6 milhões negativos para R$ 1 milhão negativos. Os próximos trimestres, contudo, tendem a ser menos promissores. “A atual crise financeira, que promoveu o enxugamento do crédito de maneira geral, está levando a um desaquecimento da atividade econômica global num ritmo nunca antes visto”, informou no balanço.

Além de sofrer com a retração do mercado, Eike Batista sentiu o duro golpe de ser alvo de investigação da Polícia Federal, numa operação batizada, ironicamente, de “Toque de Midas”. Ainda sem desfecho, a operação está apurando denúncias sobre supostas irregularidades na licitação da Estrada de Ferro do Amapá, sob concessão da MMX. A investigação chegou a ser uma ameaça à venda, já anunciada, de parte da MMX para a multinacional sul-africana Anglo American. Depois de oferecer garantias pessoais, porém, o empresário conseguiu sacramentar o negócio, superior a US$ 5 bilhões. Em abril do ano passado, a mesma Anglo já havia pagado US$ 1,5 bilhão para levar 49% do sistema Minas-Rio, cujas reservas podem atingir 2 bilhões de toneladas de minério de ferro.

Apesar dos pesares — e de alguns bilhões a menos — o sempre excêntrico Eike Batista já entrou para a história do mercado de capitais com louvor. O melhor exemplo, sem dúvida, é o da OGX, a sua empresa de petróleo e gás, que captou R$ 6,7 bilhões, em julho, naquela que é considerada a maior oferta da história da Bovespa. Detalhe: sem produzir uma gota de óleo. Tacada de tirar o chapéu.

A escolha das companhias para esta seção é feita a partir de um levantamento da Economática com a oscilação e o volume negociado mensalmente por ações que possuem giro mínimo de R$ 1 milhão por dia. A partir daí, são escolhidas aquelas que se destacam pelas variações positivas e negativas nos seis meses anteriores.

, “MiniVale” ficou no sonho, Capital Aberto


Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.


Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.


Você está lendo {{count_online}} de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês

Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.

Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais


Ja é assinante? Clique aqui

mais
conteúdos

APROVEITE!

Adquira a Assinatura Superior por apenas R$ 0,90 no primeiro mês e tenha acesso ilimitado aos conteúdos no portal e no App.

Use o cupom 90centavos no carrinho.

A partir do 2º mês a parcela será de R$ 48,00.
Você pode cancelar a sua assinatura a qualquer momento.