Após performances que lhe conferiram o troféu de melhor companhia em sua categoria por dois anos consecutivos, a Odontoprev, seguradora líder na América Latina em planos odontológicos, desceu dois degraus e ficou com o terceiro lugar no Prêmio As Melhores Companhias para os Acionistas 2012, na categoria de empresas com valor de mercado até R$ 5 bilhões.

O recuo para a terceira colocação, no entanto, não indica perda de mercado, excelência ou lucratividade. As ações da Odontoprev (ODPV3) acumulam valorização de 32,2% desde o início do ano até 19 de setembro. Em seu último balanço trimestral, a companhia registrou feitos expressivos: expansão de 11% em sua base de clientes, alta de 16,5% na receita (R$ 235 milhões) e aumento de 21,3% em seu lucro líquido, que atingiu o patamar de R$ 43 milhões. A comparação é com igual período de 2011.

Segundo o presidente da Odontoprev, Randal Zanetti, o período avaliado no prêmio (maio de 2011 a maio de 2012) coincide com um momento particularmente difícil para a economia brasileira, de desaquecimento da atividade econômica. Como 90% de sua carteira de clientes é corporativa, a Odontoprev depende fortemente do nível de emprego no País para crescer. “É quase um consenso que a economia vai se aquecer neste fim de ano e manter um ritmo forte em 2013. Esse cenário, mais positivo, impulsionará a Odontoprev”, avalia Zanetti.

Sem dívidas desde 2006, quando abriu o capital, e com suas margens em ascensão, a Odontoprev computou variação positiva de 5,02% no EVA. Para Zanetti, o bom desempenho reflete a maior eficiência da empresa, que, ao ampliar sua base de clientes de 5,1 milhões para 5,8 milhões no último ano, diminuiu o custo de despesas administrativas e operacionais por paciente. “A fusão com o Bradesco e a expansão de nossa base de usuários contribuiu para um ganho de eficiência e redução nas despesas. Embora, neste momento, os gastos com os dentistas conveniados tenham subido, temos uma margem muito saudável, acima de 40%”, resume.

Com uma rede conveniada de 27 mil dentistas e, desde 2009, com uma força de vendas turbinada pela fusão com o Bradesco, que lhe assegurou mais 5 mil pontos de representação, a Odontoprev mantém larga vantagem sobre a segunda colocada do mercado, a Amil, que possui 1,5 milhão de usuários. Porém, mais do que se diferenciar dos competidores, o grande desafio da Odontoprev para os próximos anos será diminuir a dependência dos clientes corporativos e atrair famílias e pessoas físicas para sua carteira. “Esse movimento já começou e deve se acelerar em 2013. O brasileiro dá muito valor à sua saúde bucal e, com a ascensão das classes C e D, o número de segurados crescerá com força nos próximos anos”, prevê Zanetti.

A Odontoprev ampliou sua base de clientes de 5,1 milhões para 5,8 milhões no último ano

No item TSR-ke, a Odontoprev exibiu um dos melhores resultados da sua categoria ao registrar 5,77% de retorno total ao acionista. No ano anterior, entretanto, esse percentual tinha sido de 106,07%. Segundo Zanetti, a retração deve-se mais às características da economia e do mercado que aos fundamentos da Odontoprev. “Nossos indicadores são todos positivos, inclusive tivemos um incremento sensível na liquidez dos papéis. A maior ou menor variação das ações depende de expectativas e fatores de mercado difíceis de prever ou controlar”, explica. No último trimestre, foram negociados na Bolsa R$ 14 milhões por dia em ações da Odontoprev. No mesmo período do ano anterior, os negócios diários somaram R$ 9 milhões.

Um dos fatores que fez a Odontoprev perder pontos foi sua saída do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBovespa. Mas, segundo José Roberto Pacheco, diretor de relações com investidores (RI) da Odontoprev, a ideia é voltar ao ISE no próximo ano. “Uma empresa de saúde como a nossa, que apoia diversas organizações como a Fundação Gol de Letra e o Instituto Ayrton Senna, tem todos os requisitos para integrar o ISE. Contudo, precisamos ainda estruturar melhor nossas ações e cumprir determinadas metodologias”, afirma Pacheco.

Em governança, a companhia ficou com a melhor nota de sua categoria: 7,2. A Odontoprev não divulga, individualmente, os salários de seus executivos e conselheiros e não permite a participação em assembleias de acionistas que não tenham enviado a documentação com antecedência. Pacheco ressalta que, mesmo não cumprindo alguns itens de governança considerados importantes pelo prêmio, adota práticas exigentes, que vão além do que determina a lei: possui, por exemplo, um comitê interno de auditoria e envia convocações para assembleias com 30 dias de antecedência e não apenas 15, como pede a legislação. “Desde a fusão com o Bradesco, há um esforço muito grande em aprimorar nossas práticas de governança. Os ganhos em transparência para o acionista devem se tornar mais robustos no médio prazo”, garante o diretor de RI.