Lauretti é também presidente da comissão julgadora da premiação e autor do livro Relatório Anual, publicado pela Editora Saraiva. Veja o que ele sugere para quem quer acertar no relatório:

Como o senhor definiria um relatório anual moderno?
O relatório que tem por objetivo explicar a empresa e o negócio para todos os interessados e não apenas mostrar ou comentar resultados. O melhor conhecimento da empresa é fator de peso em sua valorização.

A diversidade de públicos aos quais o relatório anual se destina não prejudica a qualidade da informação?
O relatório anual é abrangente por sua própria natureza, pois envolve aspectos econômico-financeiros, administrativos, operacionais e societários. É natural que cada um dos públicos tenha interesse maior por determinado aspecto. Mas, sem dúvida, a mensagem leva em conta, em primeiro plano, os interesses diretos dos investidores.

Que tipo de informações não costumam aparecer nos relatórios mas deveriam estar mais presentes?
A cada ano, o foco do relatório anual se desloca mais dos resultados financeiros para os fatores de geração de valor (value drivers). Em última instância, eles explicam e justificam os resultados alcançados. Entre esses fatores se pode mencionar os intangíveis (marcas, imagem pública, market-share, experiência e formação dos administradores, processos exclusivos, propriedades intelectuais, etc.), as boas práticas de governança corporativa, a administração de riscos, a estratégia, etc.

Qual a importância da diagramação e do projeto gráfico no relatório anual? Os detalhes de acabamento fazem diferença no resultado final?
A parte gráfica tem por missão específica ilustrar e enriquecer os textos, tornando sua leitura mais fácil e agradável.

A substituição do relatório anual impresso é recomendável?
Acontece com os relatórios o mesmo que acontece com os livros. A edição online raramente dispensa o relatório impresso, de muito maior comodidade de leitura e de consulta.

O que não fazer em um relatório anual?
Não usar linguagem rebuscada, repetitiva, auto-laudatória; não omitir informações relevantes e não incluir informações não relevantes; não fugir de eventuais aspectos negativos do desempenho; e não fazer do relatório um álbum de fotografias, muitas vezes totalmente desligadas do texto.

Com tanta informação gerada regularmente pelas áreas de relações com investidores, de que forma produzir um relatório que se some aos conhecimentos do analista e do investidor?
As informações divulgadas durante o exercício são usualmente focadas nos aspectos financeiros, de interesse mais imediato do pessoal do mercado. No relatório anual, além delas, existe a exposição dos aspectos não-financeiros, endereçados a um público bem mais amplo e diversificado.

Que outras sugestões o senhor daria para empresas que estão agora preparando o seu relatório?
Economizar nas publicações em jornais. Há muitas maneiras de se fazer isso. É um investimento caro e de baixíssimo retorno, que tende a zero no caso dos Diários Oficiais. Privilegiar conteúdo sobre forma é outro aspecto importante. Há relatórios excelentes no conteúdo sem ser luxuosos no projeto gráfico. Cabe ainda ter o relatório pronto para distribuição aos acionistas na assembléia geral ordinária, que ocorre até abril de cada ano. Para isso, é preciso organizar com bastante antecedência o cronograma, com início em setembro ou outubro de cada ano. Os relatórios entregues cinco, seis ou mais meses após o encerramento do exercício perdem grande parte de seu poder de comunicação.