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Paulo Aragão
Desejo de mudanças

, Paulo Aragão, Capital Aberto

 

“A bola de cristal está embaçada”, diz Paulo Aragão, logo no começo da entrevista, quando questionado sobre suas perspectivas para a próxima década. Segundo o sócio do escritório Barbosa, Müssnich & Aragão, o País passa por transformações profundas que ofuscam quem tenta olhar muitos anos à frente. Mesmo assim, o advogado não se furta a fazer algumas previsões e até uma lista desejos. Alguns deles: que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) passe a ser ouvida pelo Congresso Nacional; que o empreendedorismo seja mais valorizado; e que as normas fiquem cada vez mais claras. “O investidor convive com qualquer regra, por pior que ela seja. Só não convive com a mudança de regra.”

Momento de concentração
“Mal comparando, a economia nacional é como concentração de escola de samba. Você vê cinco mil pessoas, todas numa enorme confusão, cada uma cantando a sua música, bebendo e fumando. Você olha e diz: não vai dar certo. Até que, em determinado momento, todo mundo entra junto na avenida cantando o mesmo samba, e o espetáculo é muito bonito. No momento, talvez tenhamos voltado à etapa da concentração. É uma fase de razoável preocupação, porque algumas variáveis externas, que davam a impressão de estar tudo bem deixaram de nos favorecer. Quando a maré está baixando, exige-se um certo esforço para não se deixar seduzir pelo pessimismo. Há uma frase que diz que existem dois tipos de pessoas: os pessimistas e os mal-informados.”

Ativismo
“Veremos um surto de ativismo societário. Os investidores estão infelizes, e não necessariamente com a gestão. É como quando não se está satisfeito com o médico: eventualmente, a culpa é da sua doença, mas você tenta fazer alguma coisa e troca de médico.”

Uma ação, um voto
“Provavelmente repensaremos ideias, como a da ação sem voto, no caso do investidor que não está interessado na participação política, e a de que um negócio tem que ter dono. Coisas que, quatro ou cinco anos atrás, eram anátemas.”

Lista de desejos
“Há coisas que gostaria que ocorressem, como, por exemplo, um pacto comercial com os países que realmente contam. Cada vez mais estamos conseguindo o prodígio de ser líderes do que existe de menos relevante em termos de comércio internacional. Precisamos ganhar ou restabelecer a confiança do investidor estrangeiro e do empreendedor brasileiro. Sem eles, fica difícil o mercado se desenvolver.”

Intervenção do Estado
“Hoje, temos uma volta do Estado à economia. Não acho que isso seja bom. Algumas coisas estavam indo bem em função de fatores extrínsecos e davam a impressão de que o mérito era nosso. Só que não era.
O mérito era da crise de 2008, das commodities chinesas. Estávamos fazendo algo certo? Talvez. A administração do presidente Lula teve o mérito de não mexer nas coisas que estavam dando certo. E agora estamos começando a mexer nelas. Será que darão certo de outra maneira? Difícil dizer. Mas precisamos descobrir (ou redescobrir) as nossas reais prioridades.”

Protestos populares
“Acho excelentes. É o reconhecimento de que os políticos são irrelevantes. Pelas redes sociais se organiza uma manifestação de milhões de pessoas que são contra tudo. Conforme dizia o melhor cartaz que vi: ‘Tem tanta coisa errada que não cabe no cartaz’. O Delfim [Antônio Delfim Netto, economista] deu uma definição que achei genial: só alguém com dois PhDs em economia é capaz de achar que uma pessoa que usou sabão de coco a vida inteira e agora usa Dove vai voltar para o sabão de coco porque a taxa de juros aumentou.”


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