Quem conhece o Vale do Silício, na região central da Califórnia, sabe que ali estão algumas das melhores universidades do mundo. Surgem lá, todos os dias, pesquisas revolucionárias que rompem paradigmas. Também nascem, e continuarão a nascer, empresas líderes de mercado, que deixarão seus sócios milionários e terão o dom de criar uma cadeia de fornecedores igualmente promissora. Esse clima, que parece conspirar a favor do sucesso dos que vivem no Vale, inspira uma pergunta: o que existe de tão surpreendente naquele lugar para que tudo isso aconteça?
A resposta não é simples. Mas indícios ajudam a entender os benefícios de ser um empreendedor do Vale. Algumas das principais características locais são evidentes, a começar pela premiação do mérito, que atrai as melhores “cabeças” do mundo. O ambiente de incentivo à inovação é outro aspecto importante na cultura empreendedora da região. Mas essas duas peculiaridades ficariam órfãs sem os recursos financeiros abundantes e afeitos ao investimento de longo prazo. As centenas de fundos de venture capital que ali se instalaram são determinantes para o sucesso do Vale do Silício.
Carente de uma indústria de venture capital forte, a realidade brasileira ajuda a compreender a importância desse tipo de investidor. Podemos ver por aqui algumas das características do Vale do Silício. Infelizmente, sem o mesmo resultado final. O empreendedorismo é difundido no Brasil, até por uma questão de necessidade. Temos também bons cientistas e alunos universitários com capacidade de inovar. O que nos falta, porém, são os recursos financeiros necessários para transformar o potencial em realidade.
O governo federal lançou algumas iniciativas nas áreas de tecnologia da informação e energia, como a Lei da Informática e a Lei do Bem, baseadas em incentivos fiscais. Elas permitem que empresas destinem parte do imposto a ser recolhido para universidades e institutos de pesquisa em tecnologia. Segundo a organização Lei do Bem.Org, que fiscaliza os beneficiados pela lei, 54% dos gastos com pesquisas e desenvolvimento no Brasil são financiados através desses incentivos. Não é pouco, mas podemos mais.
Estimular a pesquisa com incentivos fiscais é o fim da linha? Certamente, não. No Brasil, apesar dos esforços heroicos de fomento à inovação, poucos são os recursos disponíveis para investimentos dessa natureza. A grande virada será agregar ao investimento em inovação o resultado econômico e o retorno social.
No mundo todo, o último degrau da cadeia de inovação é ocupado pelos chamados fundos de venture capital. A universidade forma o aluno, o instituto de pesquisa tecnológica desenvolve o produto, e o venture capital transforma as ideias inovadoras em produtos comerciais, gerando valor à sociedade, que se beneficia da mercadoria e da riqueza por ela gerada.
Se as duas primeiras fases merecem incentivos, por que não a terceira? Nesse sentido, o governo federal possui a oportunidade de ampliar o escopo das leis de incentivo à inovação para incluir os fundos de venture capital como beneficiários dos recursos vindos desses programas. Essa medida significaria concluir o ciclo da inovação, uma vez que irrigaria com recursos financeiros as ideias inovadoras que surgem no País. Tal medida garantiria o sucesso de novas empresas e evitaria a fuga dos melhores projetos para outros lugares, como o Vale do Silício.
A oportunidade existe. Há iniciativas em andamento gerando bons resultados. É preciso, agora, completar o processo promovendo os fundos de venture capital. Eles são capazes de transformar boas ideias em empresas de base tecnológica brasileiras reconhecidas mundialmente.
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