Retrocesso
Cresce o número de companhias que aderem a liminar do Ibef para não revelar salários

Sejamos francos: a divulgação das remunerações máxima, média e mínima da diretoria e dos membros do conselho de administração, tornada obrigatória pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2009, continua sendo um tabu para as empresas brasileiras. A quantidade de companhias abertas que recorrem à liminar obtida pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef) na Justiça Federal do Rio de Janeiro — que contesta a exigência — para não expor os números só cresce desde a primeira edição deste anuário. O levantamento atual indica que 32% das empresas consultadas usam o dispositivo para esconder os salários da diretoria e 31%, para ocultar os do conselho de administração. Em 2012, eram 27% e 25%, respectivamente.

No mercado, as posições se dividem. O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) insiste em que a transparência dessa informação é essencial para o investidor. Quem opta por não divulgá-la deveria se esmerar em justificar a decisão e, no mínimo, informar detalhadamente as métricas utilizadas para calcular os salários dos administradores, defende o instituto. Já a Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) evita entrar no mérito do assunto. “Divulgar ou não a remuneração é uma decisão que deve ser tomada pelo indivíduo, e não pela empresa onde atua”, argumenta Antônio Castro, presidente da entidade.

A divulgação dos vencimentos da administração permite ao investidor analisar eventuais disparates entre a remuneração e os resultados entregues. É válido notar, por exemplo, que a remuneração média dos diretores cresceu significativamente de 2012 para 2013, apesar dos desafios e incertezas impostos pelas condições macroeconômicas. O valor aumentou 12,4%, para quase R$ 2,4 milhões, como mostra o anuário deste ano. “O avanço da remuneração dos diretores é uma tendência constante que acompanhamos há algum tempo”, diz Luiz Martha, gerente de pesquisa do Centro de Conhecimento do IBGC. As razões podem ser várias. No caso dos conselheiros de administração, houve uma queda na remuneração média anual, para os arredores de R$ 300 mil. Como consequência, o pagamento total ao alto escalão das empresas aumentou aproximadamente 0,5%.

A exposição das remunerações máximas, médias e mínimas também permite análises interessantes — e, em alguns casos, causa perplexidade. A Eneva, denominada MPX até fins do ano passado, pagou R$ 13,5 milhões em média aos membros da diretoria, mesmo tendo registrado prejuízo de R$ 943 milhões em 2013 e de R$ 184 milhões no primeiro semestre deste ano. Seu CEO e DRI, Fabio Bicudo, 41 anos, abocanhou R$ 15,9 milhões, 16 vezes mais que o diretor menos remunerado. Criada por Eike Batista como parte do império X, a MPX foi vendida à alemã E.ON em meio ao derretimento do conglomerado do empresário.

Na HRT, o salário médio da diretoria alcançou R$ 9,8 milhões em 2013. O CEO Milton Franke, de 71 anos, ganhou R$ 17,1 milhões, 11% da posição de caixa no quarto trimestre. Listada na BM&FBovespa desde 2010, a HRT vendeu petróleo pela primeira vez em janeiro deste ano, embora prometesse que a produção atingiria 28 milhões de barris em 2013. Seu prejuízo atingiu R$ 2,2 bilhões no ano passado.

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