Próximo chairman da Usiminas pode ser escolhido por minoritários

proximo-chairman-da-usiminasA diferença de preço entre as ações ordinárias e as preferenciais da Usiminas chamou a atenção do mercado em fevereiro. Até o dia 10, a ON acumulava alta de 62,6% em 2015. No mesmo período, a PN despencou 23,16%. A tendência começou ainda em 2014, mas intensificou-se no fim de janeiro. O descolamento de preços é justificado por uma inusitada combinação de fatores que pode fazer o minoritário que atingir cerca de 5% das ordinárias decidir quem será o próximo presidente do conselho de administração da siderúrgica.

O pano de fundo desse movimento é a briga travada entre Ternium e Nippon Steel, as principais integrantes do bloco de controle da Usiminas. A pendenga ficou explícita em setembro passado, quando diretores da companhia apoiados pelos argentinos, incluindo o presidente Julián Eguren, foram demitidos sob a acusação de receber remuneração irregular. A manobra foi orquestrada por Paulo Penido, presidente do conselho indicado pela Nippon, que também passou a ser alvo de diversas acusações.

O episódio expôs a polarização entre argentinos e japoneses. E a briga não arrefeceu desde então — foi, inclusive, parar no Judiciário. O problema é que o acordo de acionistas entre Nippon e Ternium exige, para a indicação do chairman, a necessidade de as duas entrarem em consenso. Porém, como as desavenças continuam, vislumbra-se a possibilidade de as sócias não chegarem a um acordo sobre quem será o presidente.

Diante desse cenário, a decisão ficará fora do escopo do acordo de acionistas, recaindo sobre os acionistas minoritários ordinaristas. O maior deles é a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), hoje dona de 11,66% das ordinárias e 20,14% das preferenciais. Entre 2011 e 2012, a CSN acumulou uma fatia acionária relevante da Usiminas por meio de compras feitas na bolsa de valores. Por ser concorrente da Usiminas, a CSN foi impedida pelo Cade de exercer os direitos políticos correspondentes a sua parcela do capital. O órgão antitruste a proibiu de votar em assembleias, alugar os papéis e até mesmo indicar membros ao conselho de administração.

Descontadas as ações pertencentes aos controladores e à CSN, sobram apenas 12,49% das ordinárias em circulação. Desse percentual, devem ser desconsideradas ações ao portador ainda não canceladas. No fim, calcula-se que o colégio eleitoral capaz de decidir o próximo presidente do board será de 10%. Daí a corrida pela compra de ONs.

Se o cenário se confirmar, o empresário Lírio Parisotto larga na dianteira. O investidor já é dono de cerca de 5 milhões de ordinárias e, ao que tudo indica, vem atuando na ponta compradora. A fatia representa cerca de metade dos votos necessários para decidir o novo presidente do board — há, inclusive, a possibilidade de que o próprio Parisotto se apresente para o cargo.

A CSN também quer participar da indicação e, para isso, tenta convencer o Cade. Atualmente, o pedido da siderúrgica está sob análise da Procuradoria Federal Especializada junto com a autarquia. De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, a companhia não tentará reverter a suspensão de seus direitos, e sim conseguir o aval para exercê-los de forma limitada. A sócia e concorrente se comprometeria a não indicar um presidente para o conselho; em troca, poderia acompanhar o candidato apontado por outro acionista. Se for liberada, a CSN ganha o poder de convocar assembleias — hoje, nenhum minoritário soma, sozinho, 5% do capital ou de uma das classes de ações.

Ilustração: Rodrigo Auada


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