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“Os ativistas são uma influência destrutiva”
Lynn Stout

relevoProfessora da Universidade Cornell, a americana Lynn Stout não gosta de lugar comum. Se pudesse riscar uma palavra — ou melhor, uma locução — do vocabulário das companhias, escolheria “criação de valor para o acionista”. “A exaltação ao investidor não leva a nada. Países que adotaram esse comportamento estão perdendo suas companhias e se tornando menos competitivos”, alerta. Segundo ela, ao dar muito ouvido ao investidor, principalmente ao ativista, as empresas estariam sendo induzidas ao fracasso. “Empresas como Kodak e Motorola acabaram não investindo como deveriam, devido à pressão dos sócios, e ficaram para trás.” Convidada especial do Congresso do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, em outubro, Lynn falou à CAPITAL ABERTO.

Geração de valor
“A ideologia de geração de valor ao acionista não funciona. Muito mais que os Estados Unidos, um país que abraçou essa ideia foi o Reino Unido. Da última vez eu pesquisei, os britânicos não tinham mais nenhuma companhia global entre as trinta maiores. Costumavam ter uma: a British Petroleum (BP). Hoje, países bons em criar companhias globais são, por exemplo, a Alemanha e a China. E nenhum deles é conhecido por ser amigável com o investidor.”

Ativismo
“Os fundos de hegde ativistas estão ficando cada vez mais fortes — o que, na minha opinião, é ruim. Eles são uma influência destrutiva. Eventualmente agem para conseguir mudanças no board, mas seu verdadeiro objetivo é que as empresas distribuam lucros, nem que para tanto precisem se alavancar. Essa condição torna a companhia frágil e propensa a falir. Mas eles não se importam, pois, quando isso ocorrer, já terão vendido suas ações.”

Brasil a salvo?
“Nos Estados Unidos, há cerca de 4 mil companhias listadas. E os ativistas têm participação em uma ou duas. Como são muitas as opções, eles não ligam se sua influência irá destruir a empresa. Embolsam os lucros e vão buscar outro investimento. Os fundos brasileiros pensariam duas vezes antes de agir assim. O País tem cerca de 150 companhias líquidas listadas e não é do interesse deles que esse número caia. Por isso, acho que há mais chance de o ativismo brasileiro ser construtivo. Os fundos de hedge americanos, contudo, adorariam atuar no Brasil se conseguissem o apoio de outros investidores. Talvez o fato de muitas empresas brasileiras terem controlador os distancie do País. Hoje, eles já estão causando problemas na Europa continental, no Reino Unido e até mesmo no Japão.”

Remuneração perigosa
“Muitas pessoas têm a imagem de que os CEOs americanos são gananciosos e destroem as companhias. No entanto, isso só se tornou realidade a partir do momento em que passaram a ser pagos com ações. O Brasil deveria refletir a respeito. Essa tendência é muito perigosa, principalmente quando se estende aos conselheiros, porque estimula o pensamento de curto prazo.”

Ética
“As pessoas gostam de dinheiro, mas também de muitas outras coisas. Se você as trata como só se importassem com isso, elas passam a acreditar na ideia. Quando uma empresa atrela o salário dos executivos à performance, os incentiva a fazer de tudo para os resultados parecerem bons e eles poderem ser bem remunerados — mesmo que tenham de quebrar regras. Foi essa motivação que gerou a crise financeira.”

Duas classes de ações
“As companhias americanas têm desistido de abrir o capital, porque seus donos não querem se sujeitar à pressão dos acionistas. Para driblar a situação, algumas empresas têm lançado duas classes de ações [o que concentra o poder de voto na mão dos fundadores]. Basicamente, todas as emissoras de ações de tecnologia do Vale do Silício vieram a mercado com essa estrutura de capital. Isso mostra que o modelo de companhia gerida por acionistas externos é disfuncional. As firmas mais bem-sucedidas são gerenciadas por um sócio controlador.”

Foto: divulgação


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