Os escândalos foram destacados durante o debate “Conselhos de administração no século 21”, realizado pela Capital Aberto no dia 25. “A pergunta é: por que continuamos a ver tantos problemas de governança e tanto desgoverno nas empresas, apesar de todo o conhecimento e a discussão sobre o tema”, diz o professor e consultor da Direzione, Alexandre Di Miceli. “É sintomático que dois indivíduos que representam o capitalismo deste século no Brasil enfrentem problemas com a Justiça”, observa, referindo-se ao empresário Eike Batista e a Esteves.
“Uma maneira de conciliar a geração de valor no curto prazo com o que é importante para a companhia no longo prazo é a cobrança da sociedade e do mercado. Assim o acionista ou gestor voltado para o curto prazo não terá mais espaço para agir da maneira errada”, afirma Eduardo Samara, diretor da General Atlantic Brasil.
Nesse contexto, o papel do conselho de administração é tido como fundamental. É preciso um conselho presente e diversificado, que saiba se opor à administração. “Temos que romper com a ideia de evitar mexer no conselho para não criar descontinuidade. Se há uma crise e o CEO não consegue fazer bem o seu trabalho, deve-se mexer fortemente no conselho para mudar a situação”, defende Victor Baez, sócio-fundador da Heartman House Consultores.
Aí entra também a tão propalada — e ainda pouco implementada — diversidade. Não apenas de gênero, raça, credo, mas de pensamento, vivência e experiência. “Conselhos mais diversos e plurais conseguem “proteger” a empresa”, diz Juliana Rozenbaum, conselheira da Arezzo. A diversidade é a garantia de que sempre haverá alguém para contestar políticas ou levantar questões não consideradas pelos gestores.
Eduardo Bernini, sócio-fundador da Tempo Giusto Empresarial, lembra que, se não houver plena consciência da importância da diversidade, a tendência do ser humano é montar um conselho de iguais: “Só de financistas, advogados, engenheiros. Só de pessoas que referendem a administração”, afirma. A visão plural e crítica, acredita, é determinante para o comportamento de todos os comandantes da organização. “O conselheiro de administração deve ser um cético mesmo quando está convencido. Isso evita as cegueiras técnica, comportamental e ética.”
Além da escolha dos conselheiros, é preciso pensar na interação entre eles: “Quando colocamos a dinâmica de um grupo funcionando e acrescentamos pressão, poder, necessidade de decidir e de supervisionar, temos um caldeirão do qual é difícil imaginar o que vai sair”, diz Sandra Guerra, presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Segundo Sandra, as discussões de governança se atêm à forma dos conselhos, mas ainda exploram pouco os aspectos da interação entre os indivíduos.
Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.
Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.
User Login!
Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.
Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais
Ja é assinante? Clique aqui