Nova dimensão
Por que o investimento de impacto só tende a crescer nos próximos anos
, Nova dimensão, Capital Aberto

Daniel Izzo*/ Ilustração: Julia Padula

“Investimentos de impacto são aqueles feitos com a intenção de gerar impacto social e/ou ambiental positivo, além de retorno financeiro.” Faço minha estreia como colunista da CAPITAL ABERTO com a definição cunhada pelo GIIN (Global Impact Investing Networking) e pelo J.P.Morgan no relatório “Impact Investing: a New Asset Class”, de dezembro de 2010. Acredito ser essa apresentação fundamental para o entendimento do tema, que tem crescido rapidamente e conquistado cada vez mais atenção do mercado financeiro.

São três os principais pontos dessa definição: o “retorno financeiro”, que serve para diferenciar os investimentos de impacto das iniciativas sociais que adotam modelos filantrópicos; o “impacto social e/ou ambiental”, que torna explícitos objetivos mais amplos para os negócios do que a busca exclusiva pelo lucro; e a “intenção” — na minha opinião, o primordial —, que tem como objetivo diferenciar iniciativas que possam, eventualmente, ter impacto positivo como uma das externalidades da atividade econômica. Com base nesse entendimento, investidores nesse contexto deveriam ter um objetivo claro de impacto antes da tomada de decisão de investimento. Ou, como costumo pensar, precisam ter clareza sobre quais problemas socioambientais querem resolver com a alocação de recursos financeiros em negócios com fins de lucro.

No ano passado, o GIIN estimou que existem cerca de 400 fundos de impacto no mundo, gerindo em torno de 160 bilhões de dólares em ativos. O número ainda é relativamente pequeno, mas deve crescer mais rapidamente com a recente chegada de gigantes como BlackRock, TPG e Bain Capital; isso sem contar com o interesse crescente dos grandes bancos, como o próprio J.P.Morgan, o Goldman Sachs e o Morgan Stanley, entre outros — todos criando áreas internas para tratar de investimentos de impacto.

No Brasil o mercado é ainda menor. Estudo de 2016 conduzido pela Ande (Aspen Network of Development Entrepreneurs) e pela LGT estimou um volume de pouco mais de 180 milhões de dólares disponível no País. Também aqui o ritmo de crescimento tem se intensificado nos últimos anos. Pode-se citar a formação de uma força-tarefa de finanças sociais, composta de um grupo multissetorial (inclusive com participação de entes públicos) que busca impulsionar a agenda dos negócios com impacto social, e um grupo de trabalho de investimentos de impacto, numa parceria entre a ABVCap (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital) e a Ande, que toma corpo e atrai um número crescente de organizações a cada reunião.

Numa visão mais ampla, de mudança geracional, um estudo de 2015 da Accenture (“The Greater Wealth Transfer”) prevê que cerca de 30 trilhões de dólares serão herdados pela geração dos millennials nos próximos 30 a 40 anos, apenas na América do Norte. Em uma pesquisa do Morgan Stanley, 84% desse público afirma desejar investir em ativos responsáveis e sustentáveis. Não é à toa que tantos atores em todo mundo estão se mexendo para oferecer novas opções de investimento.

Voltando ao relatório seminal e divisor de águas do GIIN e do J.P.Morgan: ele previa que essa seria a maior revolução já vista na indústria de gestão de ativos no mundo, com o surgimento de uma nova classe de ativos. Hoje é praticamente consenso que os investimentos de impacto não são uma nova classe de ativos, mas uma nova forma de se buscar resultados em uma gama diversificada de classes de ativos. Entretanto, com a demanda crescente por soluções de impacto, tanto por parte dos consumidores quanto dos investidores, e a entrada cada vez mais relevante da geração dos millennials no mercado, numa coisa o relatório parece estar certo: veremos uma mudança muito significativa no mercado de gestão de ativos nos próximos anos, com estabelecimento definitivo da dimensão do impacto para compor com os já tradicionais risco e retorno na avaliação dos portfólios e dos investimentos individuais. Que venha o novo!


*Daniel Izzo ([email protected]) é sócio-cofundador da Vox Capital


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