Fôlego para investir
Rodolfo Spielmann
Ilustração: Rodrigo Auada

Ilustração: Rodrigo Auada

Rodolfo Spielmann está à frente de uma carteira de investimentos incomum, mas que pode soprar bons ventos para o mercado brasileiro. Ele comanda a Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB), gestora com patrimônio de 278,9 bilhões de dólares canadenses (R$ 770,1 bilhões) e que está entre as dez maiores do mundo no segmento de fundos de pensão. Para a América Latina, a CPPIB já destinou 2,7% dos recursos — e, sem pressa, pode dobrar esse percentual. Um de suas peculiaridades é o fato de deixar de lado fatores que poderiam excluir o Brasil da carteira, como a necessidade do selo de investment grade do país que está recebendo o aporte. Além disso, a gestora não busca investir em destinos específicos — olha bons ativos, onde quer que estejam. Há, ainda, a vantagem de não sofrer a pressão de cotistas por liquidez. A CPPIB administra o superávit da previdência obrigatória canadense e calcula que não precisará devolver recursos para o pagamento de benefícios nos próximos oito anos. Por isso, o leque de possíveis investimentos fica bastante amplo. Estão na mira da gestora aportes diretos em imóveis, fundos de private equity, operadores de infraestrutura e participações em bolsa. Confira, a seguir, a entrevista de Spielmann à SELETAS.

Investimento no Brasil

“O principal ativo da nossa carteira brasileira é o mercado imobiliário. São centros de logística, armazéns. Atuamos como coproprietários, já que não fazemos a gestão. Também temos shopping centers, administrados pela Aliansce, da qual somos sócios. Outra parte significativa do nosso investimento está nas mãos de gestores de private equity, como Pátria e Tarpon.”

Liquidez

“Não temos cotistas que baterão na nossa porta precisando dos recursos. Pelos nossos cálculos, nos próximos 8 ou 10 anos o dinheiro que administramos não será necessário para pagamento de benefícios. Ate lá, fazemos reservas e reinvestimos. Só depois disso, quando a pirâmide da população canadense se inverter [com mais aposentados do que contribuintes], o plano precisará dos recursos. Ainda assim, a ideia é usar apenas o retorno dos investimentos para os pagamentos das aposentadorias, mantendo o principal aplicado [atualmente, 81% do patrimônio está investido fora do Canadá]. Isso nos dá certa flexibilidade para investir com foco no longo prazo.”

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Espaço para crescer

“Temos atualmente o equivalente a 2,7 bilhões de dólares canadenses investidos no Brasil. Na América Latina [além do País, estão incluídos México, Peru, Colômbia e Chile], esse valor é de 7,8 bilhões, que correspondem a 2,8% do fundo global. Não temos metas, mas esse percentual pode chegar a 4% ou 5%. A verdade é que temos mais espaço para crescer do que oportunidades para comprar.”

Oportunidades

“Continuamos de olho em imóveis e empresas de infraestrutura e consumo. Também estamos atentos a oportunidades no segmento de serviços, nas áreas de saúde e educação. Agronegócio também é um setor forte no Brasil. É difícil enumerar tudo aquilo em que estamos de olho. Não descartamos nada. Às vezes, nos deparamos com setores que não estão crescendo tanto mas que têm boas empresas, competitivas e comandadas por controladores comprometidos.”

Bolha imobiliária

“Não tivemos bolha no Brasil, e sim um movimento de correção de preços. Bolha foi o que aconteceu nos Estados Unidos, quando uma só pessoa tomava três ou quatro empréstimos que nem tinha condições de pagar e inflava os preços. Investimos no mercado imobiliário brasileiro nos últimos três anos e continuaremos.”

Infraestrutura

“Normalmente fazemos investimentos diretos em rodovias, portos, aeroportos e infraestrutura de telecomunicações. Fornecemos o capital e nos associamos a um parceiro privado que opere o ativo. Temos dois investimentos no Chile (uma rodovia e uma rede de distribuição elétrica) e um no Peru (transportadora de gás). No Brasil ainda não investimos no setor, mas vamos garimpar.”

Desinvestimento

“Podemos vender os ativos para parceiros estratégicos ou sair via IPO. Mas, até agora, em 95% dos casos em que estamos felizes aumentamos a exposição. Ao investir, não buscamos o controle do negócio, mas consideramos se estamos satisfeitos, aproveitamos para dar saída para outros investidores. Nos três investimentos em infraestrutura que fizemos na América Latina, só aumentamos nossa exposição com o passar do tempo.”


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