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Pátria Investimentos vendeu sua participação na Tivit para fundo da Apax Partners que buscava empresas maduras

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Tradicionalmente, os fundos de private equity brasileiros se desfazem das participações que adquirem de duas formas: vendem-nas ou para investidores estratégicos ou na bolsa de valores. Ainda são poucos os casos como o da Tivit, em que o desinvestimento se dá dentro da própia indústria do capital de risco. Em 2010, a Pátria Investimentos e a Votorantim Novos Negócios passaram o controle da empresa para outra gestora de private equity, a britânica Apax Partners.

Uma peculiaridade da história da Tivit é ela ter recebido recursos de capitalistas de risco em diferentes estágios de seu desenvolvimento. Para entender um pouco sobre o negócio da companhia e a participação dos investidores de private equity e venture capital, é necessário voltar alguns anos na história. Tudo começou em 1998, quando a Telefutura — uma das empresas que deram origem à Tivit — recebeu aportes da Votorantim Novos Negócios. Em 2006, foi a vez de o Pátria Brazilian Private Equity II comprar uma fatia de 27% do capital da empresa. Com patrimônio de US$ 400 milhões, captado em 2005, o fundo também detém participações em Anhanguera, Anhembi Morumbi e Ersa Energias Renováveis. O prazo de maturação dos negócios é de até dez anos.

A Telefutura era uma empresa de call center em franca expansão. O Pátria Investimentos havia começado a estudar companhias que atuam com Business Processing Outsourcing (BPO) em 2004, época em que esse tipo de atividade crescia em importância. Atraiu a gestora o fato de a Telefutura não buscar ganhar dinheiro com arbitragem de mão de obra, algo comum nesse tipo de negócio. Isso explica, por exemplo, por que há centros de atendimento instalados no Nordeste, onde a contratação de pessoal é mais barata, para atender consumidores do Sul e Sudeste. “Mas esse modelo não gera valor, além de não ser sustentável ao longo do tempo”, analisa Marco D’Ippolito, sócio do Pátria. “Notamos que existiam prestadores de serviços isolados nessa área, e uma empresa que pensasse a terceirização de forma integrada teria um grande diferencial”, ressalta.

Foi essa a motivação que levou o Pátria a apoiar, em 2007, a fusão da Telefutura com a Tivit. Enquanto a primeira atuava na área de call center, a segunda era especializada no armazenamento de dados e na terceirização de serviços de tecnologia de informação. A união foi relativamente simples, uma vez que a Tivit era originária da fusão de duas empresas também controladas pela Votorantim Novos Negócios — a Optiglobe e a Proceda. Surgia, assim, uma nova Tivit, cuja missão era ajudar os clientes a integrarem seus serviços de terceirização.

A proposta pode ser mais bem entendida com um exemplo prático. Imagine, por exemplo, uma administradora de cartão de crédito que costuma terceirizar os serviços de call center, cobrança e processamento de dados. Ela poderia selecionar uma prestadora de serviços diferente para executar cada uma dessas funções ou contratar uma empresa como a Tivit, que centralizaria todos os processos. “Nesse modelo, o ganho é baseado no incremento de eficiência e não na arbitragem de preços”, ressalta D’Ippolito.

Estabelecida a estratégia da nova empresa e realizada a fusão, a Pátria Investimentos, junto com outros acionistas, criou um modelo de governança corporativa compatível com os anseios dos investidores. Foram implementados um conselho de administração com membros independentes, um conselho fiscal e três comitês: de risco; financeiro; e de pessoas. O passo seguinte foi a realização da oferta pública inicial (IPO) da Tivit em setembro de 2009. A empresa captou R$ 574 milhões com a oferta, que deu saída parcial aos capitalistas de risco. O Pátria vendeu 40% de sua participação no IPO.

Na época, cada ação foi vendida por R$ 15, valor considerado justo na visão de D’Ippolito. Segundo ele, o preço dos papéis equivalia a dez vezes o lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da companhia. Muitas analistas, contudo, consideraram o valor baixo. Dois motivos podem ter pesado para isso: o ceticismo dos investidores com a proposta de geração de valor da Tivit e uma falta de entendimento sobre o motivos de os múltiplos da empresa serem muito mais elevados que os da Contax, que atua no ramo de call center e já estava listada na Bolsa desde 2005.

A saída definitiva do Pátria se deu apenas oito meses após o IPO, por meio da venda do restante de sua participação na Tivit para um fundo da Apax Partners, que desembolsou R$ 874 milhões pelos papéis do grupo de controle (Pátria e Votorantim). O fundo também arcou com os custos de duas OPAs: uma para alienação do controle e outra para cancelamento de registro. Ambas pagaram R$ 18,10 por ação, cifra 21,39% superior à média da cotação do papel nos pregões posteriores à data do IPO. Na época, a empresa tinha um free float de 43%. A OPA de tag along foi feita em outubro de 2010 e tirou quase todos os papéis de circulação. Como resultado, o registro de companhia aberta da Tivit foi cancelado em janeiro de 2011.

D’Ippolito acredita que o mercado brasileiro assistirá cada vez mais a transações entre fundos de private equity, uma vez que a indústria de capital de risco está crescendo e hoje é possível encontrar investidores com diferentes perfis, dispostos a entrar em companhias em estágios de maturação variados. No Pátria, a abordagem é transformar companhias médias em grandes, por meio do envolvimento operacional. Mas há também investidores que têm maior aversão a risco e preferem comprar participações em empresas com estruturas de governança já montadas, prestes a abrir o capital ou recém-chegadas à bolsa, como é o caso da Apax Capital.


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