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Energia reduzida
Revisão da Aneel força Eletropaulo a propor corte em seu maior atrativo: os dividendos

Conhecida pelo bom desempenho histórico de suas ações e pela distribuição pródiga de dividendos, a AES Eletropaulo é uma das queridinhas dos investidores que gostam de papéis com perfil defensivo. Num momento de crise como o atual, deveria estar reluzindo como ouro nas carteiras recomendadas pelas corretoras — mas não é isso que vem ocorrendo. As ações da distribuidora de energia elétrica caíram 40,71% nos últimos seis meses encerrados em 31 de julho de 2012.

O cenário ficou nublado para a empresa a partir de 2011, quando teve início a terceira revisão tarifária da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O processo estava previsto para terminar no ano passado, mas atrasou e só foi encerrado em julho de 2012, devido à demora na definição da nova metodologia para revisão. A cada quatro anos, a Aneel faz essa revisão com o objetivo de garantir uma tarifa justa para os consumidores e estimular o aumento da eficiência e da qualidade do serviço de distribuição de energia elétrica. Para decidir se puxa os valores para cima ou para baixo, avalia as distribuidoras em quesitos como investimentos, qualidade no serviço e condições da rede de distribuição. O veredito, dessa vez, não foi nada favorável. A Aneel decidiu rever para baixo as tarifas das distribuidoras — em média a queda foi de 2,26%. O percentual exato varia de companhia para companhia. “A tarifa da Eletropaulo caiu muito mais forte em relação a outras empresas do setor. Isso impacta a estrutura da empresa”, avalia Pedro Galdi, analista de investimento da SLW Corretora.

Para piorar, o atraso de um ano da Aneel para finalizar a revisão tarifária vai pesar no bolso da Eletropaulo. Durante esse período, os valores cobrados dos consumidores ficaram congelados e, agora, as empresas terão que devolver a diferença entre a antiga e a nova tarifa. Isso significa que a Eletropaulo terá que reembolsar aos clientes um montante superior a R$ 1 bilhão nos próximos três anos.

A combinação desses dois fatores tornou o terceiro ciclo tarifário (2011-2015) um desastre para a empresa. Enquanto as receitas tendem a cair devido à redução das tarifas, os gastos com investimentos devem continuar a subir. Para aliviar o problema e trazer o caixa de volta ao equilíbrio, a AES Eletropaulo traçou uma série de ações — e uma delas deve atingir em cheio a distribuição de dividendos, principal atrativo da empresa perante os investidores.

De acordo com Gabriel Laera, analista da BES, a Eletropaulo priorizou a gestão financeira para maximizar os resultados aos acionistas em detrimento de garantir a qualidade na rede de distribuição de energia. O baixo investimento nas linhas foi, por sinal, um dos motivos que fizeram a Aneel reajustar as tarifas negativamente. Agora, a Eletropaulo precisará correr atrás do tempo perdido. “A companhia terá que reter lucros para voltar a investir na operação e, assim, conseguir uma tarifa melhor na próxima revisão da Aneel”, afirma Laera.

Desde 2006, a empresa distribuiu 100% do lucro. Os proventos são depositados na conta dos acionistas a cada seis meses, mas, neste ano, o pagamento do primeiro semestre não ocorreu. A previsão é que a Eletropaulo passa a distribuir metade do seu lucro como dividendo. “Se os gestores não equacionarem custos e despesas para voltar a ser uma boa pagadora de dividendos, a empresa perde totalmente o charme”, alerta Galdi.

Segundo Rinaldo Pecchio, vice-presidente financeiro e relações com investidores da empresa, algumas medidas já estão sendo colocadas em prática para diminuir os gastos. Uma delas é a centralização da administração da Eletropaulo em um único prédio, na sede de Alphaville, em São Paulo. Os outros edifícios deverão ser vendidos até o fim deste ano e 2013. Com isso, a companhia deve arrecadar R$ 240 milhões.

A Eletropaulo também está buscando melhorar sua eficiência operacional, o que deve gerar uma economia de R$ 100 milhões em 2013. Nesse sentido, Pecchio destaca uma reformulação no processo de medição e cobrança do consumo de energia dos clientes. A prática vigente é o funcionário ir até o local para fazer a leitura do consumo e, depois, repassar essa informação para a empresa que emite e envia a conta ao cliente. “Agora, a ideia é fazer a leitura e a entrega da fatura em uma única visita. Já temos em torno de 260 mil clientes dentro dessa modalidade e, até 2013, esperamos ter seis milhões”, ressalta.

Apesar de bem recebidas pelo mercado, as mudanças não foram suficientes para alterar o humor dos investidores em relação aos papéis. Eduardo Gomide, analista do HSBC, projeta um cenário desfavorável para a companhia pelos próximos três anos. “Os custos vão continuar subindo e haverá uma queda na margem da empresa, com perda de resultado”, acredita.

, Energia reduzida, Capital Aberto


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