Na noite do dia 22 de abril, a Petrobras divulgou o balanço anual do ano passado e as demonstrações financeiras do terceiro trimestre, pendentes desde o estouro da Operação Lava Jato. Revelou ter registrado prejuízo de
R$ 21,59 bilhões em 2014, contra lucro de R$ 23,6 bilhões no ano anterior. O resultado foi o pior entre as companhias abertas brasileiras desde 1986, conforme levantamento da Economatica.
Com a divulgação das demonstrações financeiras, o mercado tomou conhecimento da cifra mais especulada dos últimos tempos: as perdas por corrupção. A Petrobras registrou baixa contábil de R$ 50,8 bilhões, resultado da reavaliação de ativos e de uma perda de R$ 6,19 bilhões devido a pagamento de propinas. No início do ano, quando divulgou um balanço sem aval da PwC, sua firma de auditoria independente, a petroleira estimou que o rombo poderia chegar a R$ 88 bilhões.
Além do tamanho do desfalque, a publicação da demonstração financeira revelou a discordância dos conselheiros não indicados pelo controlador em relação aos números. O racha fica evidente em aviso aos acionistas divulgado pela Petrobras em 28 de abril, no qual revela os votos em separado dos administradores dissidentes. De acordo com o documento, Mauro Cunha e Silvio Sinedino, eleitos pelos acionistas minoritários e pelos funcionários, respectivamente, reprovaram o balanço; José Guimarães Monforte, também indicado pelos minoritários, absteve-se. Os administradores argumentaram que as 319 páginas da demonstração só foram colocadas à disposição durante a reunião do board, e isso inviabilizou uma análise diligente. Além disso, documentos adicionais, que lhes permitiriam entender a atual situação da companhia, não foram fornecidos, embora solicitados com antecedência. Cunha ainda classificou o registro das perdas por corrupção como inoportunas. “Não vejo sentido em lançarmos esses valores baseados nas delações premiadas de pessoas inidôneas”, considerou em sua manifestação de voto.
A posição é oposta à defendida pelo professor de contabilidade Eliseu Martins, contratado pela Petrobras para elaborar um parecer que lhe desse conforto a respeito do balanço. Para ele, ainda que o cálculo das perdas por corrupção não seja totalmente preciso, há argumentos favoráveis a seu reconhecimento imediato: “Ele atende de forma clara, tempestiva e transparente à figura da prestação de contas por parte da empresa que o pagou”, explicou, em um texto de seu blog, hospedado no site da capital aberto.
Entre os conselheiros fiscais, as demonstrações financeiras não obtiveram aval de Reginaldo Alexandre e Valter Albertoni, ambos representantes dos acionistas minoritários.
Ilustração: Rodrigo Auada
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