A briga entre os dois controladores da Usiminas estourou em setembro, quando o presidente Julián Eguren e outros dois executivos, todos indicados pela Ternium, foram exonerados por iniciativa do presidente do conselho de administração Paulo Penido, da cota da Nippon. O episódio deixou clara a disputa entre argentinos e japoneses pelo poder da siderúrgica. O capítulo mais recente do duelo aconteceu hoje. Os demitidos entraram com uma ação judicial contra Penido para reivindicar reparação por danos morais.
Eguren, Marcelo Chara e Paolo Bassetti foram obrigados a deixar seus cargos porque receberam remuneração indevida. De acordo com a investigação conduzida por Penido, os executivos lucraram quase R$ 1 milhão por meio de um benefício, denominado bônus car, ao qual não teriam direito. Eles contestam a decisão. Em comunicado enviado pela assessoria de imprensa da Ternium, os argentinos argumentam que a remuneração faz parte do pacote de benefícios concedidos aos expatriados e que Penido está promovendo uma campanha difamatória contra eles.
A ação judicial é apenas mais um detalhe na pesada briga que os controladores travam na Usiminas. O poder da siderúrgica é altamente atrativo para os dois lados. De acordo com o acordo de acionistas firmado em 2012, quando o atual bloco de controle foi formado, os argentinos ficaram o comando executivo da companhia. No papel, o indicado ao cargo precisa do apoio de Ternium e Nippon, mas como os argentinos indicaram Eguren, em tese se perpetuaram no cargo — e este só foi destituído em votação que deixou o acordo de lado. Já os japoneses lucram com os contratos de fornecimento. De acordo com a Ternium, o contrato de assessoria que a Nippon mantém com a siderúrgica lhe rende US$ 2,4 milhões por ano.
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