Restrições à competição estrangeira e incentivos à oferta. Esses foram os principais amotores do crescimento recente da Braskem, maior fabricante de resinas termoplásticas (polietileno, polipropileno e PVC) da América. Entre setembro de 2012 e agosto deste ano, suas ações acumularam alta de 26,4%.
A empresa se beneficiou de reduções do custo de energia e do PIS/Cofins sobre a comercialização de suas matérias-primas e produtos. Entretanto, o que pesou mais para a alta dos papéis foram o ganho nas vendas (de 8,8% nos 12 meses até o primeiro trimestre de 2013) e o aumento de participação no mercado interno (para 71%). Ambos são consequência da aprovação pelo Congresso do fim da “guerra dos portos” (disputa econômica entre estados, por meio de benefícios tributários à compra de produtos estrangeiros) e da elevação das alíquotas de importação do polietileno.
No segundo trimestre deste ano, contudo, a fatia de mercado da Braskem regrediu 5%, por causa de problemas operacionais em uma fábrica de PVC e concorrência de material importado. E há novo obstáculo à frente: a alta das alíquotas de importação deixa de existir em outubro. Os analistas do Itaú BBA Paula Kovarsky e Diego Mendes, no entanto, acreditam que esse revés deve ser compensado pela desvalorização do real.
O câmbio tem impacto fundamental sobre as operações da Braskem, que possui fábricas no Brasil, nos Estados Unidos e na Alemanha, e está construindo um complexo petroquímico no México. A forma de contabilizá-lo explica por que, no segundo trimestre, a companhia teve prejuízo líquido de R$ 128 milhões e não de R$ 1,08 bilhão. O pronunciamento contábil 38 (CPC 38) permite que a variação cambial sobre parte da dívida seja reservada numa conta do patrimônio líquido. Ela só passa para a demonstração dos resultados quando a receita que serve como contrapartida (a das exportações) é faturada.
Com isso, além de melhorar os resultados, a Braskem faz hedge sem intervir no fluxo de caixa. Os analistas do J.P. Morgan Caio Carvalhal e Felipe dos Santos estimam que, por conta dessa mudança, a empresa vai fechar no azul este ano, o que lhe permitirá distribuir dividendos. No ano passado, houve prejuízo de R$ 738 milhões.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no entanto, está de olho nessas operações. No mês passado, pediu à Braskem e à Petrobras explicações sobre a adoção da contabilidade de hedge.
A Braskem também pretende melhorar a sua competitividade pagando menos por matéria-prima. Entre 2013 e 2018, o uso de nafta na fabricação das resinas da companhia deve cair de 78% para 52% — e a presença do gás de xisto, mais barato, vai crescer.
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