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O que esperar de 2018?
Desafios para o crowfunding de investimento depois de um ano histórico
, O que esperar de 2018?, Capital Aberto

Frederico Rizzo*/ Ilustração: Julia Padula

Histórico é o adjetivo que melhor qualifica o ano de 2017 para a modalidade de crowdfunding dedicada ao financiamento de empresas. Só na América Latina, países como Brasil, México e Argentina criaram regulações específicas para o desenvolvimento desse novo mercado de capitais para startups. Por aqui, a Instrução 588 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) passou a permitir que empresas com faturamento anual de até 10 milhões de reais captem um teto de 5 milhões de reais por ano pela internet. Não se pode esquecer que 2017 também foi o ano da explosão dos ICOs (initial coin offers), um tipo de crowdfunding para negócios baseados em blockchain que levantou globalmente 3,7 bilhões de dólares — o mesmo volume registrado para toda a indústria de investimento-anjo e de capital-semente nos Estado Unidos no período.

Enquanto anjos e fundos de venture capital agregam conhecimento aos empreendedores, a multidão leva clientes e fãs, ativos extremamente valiosos em estágios iniciais de negócios inovadores. Nas palavras do famoso investidor Fred Wilson, “francamente, é uma vergonha que o usuário médio do Facebook não tenha tido a possibilidade de adquirir ações do Facebook durante a sua valorização de zero a 100 bilhões”. Por isso, num mundo em que as empresas têm escolhido ficar resguardadas por mais tempo — adiando ou mesmo evitando a abertura de capital — e os juros básicos recuam a patamares nunca antes vistos, o crowdfunding desponta como uma das opções mais interessantes para o investidor comum que busca retornos elevados.

Mas apesar da demanda crescente por essa nova modalidade de investimento, há ainda importantes desafios a serem vencidos para que o mercado alcance todo o potencial projetado por analistas. O Goldman Sachs, por exemplo, definiu o crowdfunding como “potencialmente o mais disruptivo de todos os novos modelos de finanças”, estimando seu mercado total em 1,2 trilhão de dólares. Ainda são necessários ambiente regulatório favorável, mecanismos mais eficientes de educação dos investidores, maior integração com o ecossistema financeiro tradicional e mais opções de liquidez para investidores.

Atuo nesse mercado há pelo menos três anos e posso arriscar dizer que estamos prestes a testemunhar, agora em 2018, uma mudança de patamar do crowdfunding de investimento no Brasil. O salto será alavancado por alguns fatores, detalhados a seguir.

Conexão com o capital institucional. Assim como já ocorre em várias das principais plataformas de equity crowdfunding no mundo, devem ser criados no Brasil fundos 100% dedicados a coinvestimento online com investidores-anjo. Esse modelo permite que um único aporte garanta exposição a um grupo de 50 a 200 empresas, como numa uma espécie de ETF de startups. Nesse sentido, vale destacar o recente e pioneiro edital do BNDES para a criação de um fundo de pelo menos 60 milhões de reais voltado a coinvestimento com anjos, aceleradoras e sindicatos.

Empresas maiores captando volumes maiores. Nos primeiros três anos de existência do crowdfunding de startups no Brasil, nenhuma operação feita pela internet superou 1 milhão de reais. Nos últimos três meses, duas empresas já superaram essa marca, ambas em menos de 30 dias de oferta. Com o limite alargado pela CVM para 5 milhões de reais anuais, em 2018 espera-se que uma primeira empresa alcance essa marca, e provavelmente com pelo menos mil investidores apoiando o negócio — sem que isso se torne um problema de para os fundadores.

Primeiras experiências de mercado secundário. Com a regulação do mercado primário de startups resolvida pela Instrução 588, mas ainda diante da explosão das criptomoedas e das soluções baseadas em blockchain, a CVM deve ser ainda mais pressionada para criar mecanismos que favoreçam liquidez para esses novos investidores-anjo. A recente notícia da criação de um grupo de trabalho para implantação de um sandbox (um espaço de testes para novas tecnologias que dependem de regulações locais) só deve acelerar esse processo. Nesse início é provável que sejam favorecidos os modelos mais conservadores, que permitem a negociação em datas estabelecidas exclusivamente entre os investidores atuais das empresas, em detrimento de plataformas que operam 24 horas por dia, sete dias por semana, com formação de preço aberto ao público em geral.

O fato é que a indústria de venture capital, tradicionalmente apoiada na tríade capital-mentoria-controle, está sendo aos poucos desmembrada, e os empreendedores podem agora acessar fontes mais baratas de capital, sem perder controle do negócio e ainda acabando com investidores gananciosos. O crowdfunding é só mais um passo nessa direção, mas com um potencial de escalabilidade difícil de superar.


*Frederico Rizzo ([email protected]) é fundador da plataforma de equity crowdfunding Broota


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