O mapa da mina: como estimar o retorno em startups
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Frederico Rizzo*/ Ilustração: Julia Padula

Quem investe em startups deve esperar retornos binários: ou elas vão dar certo ou falir. Saber de antemão quais terão sucesso é o grande desafio — até porque nesse universo os melhores negócios tendem a não parecer promissores no início. Mesmo assim, o volume de capital-semente disponível cresceu cerca de 100% ao ano de 2013 a 2015 nos EUA. No Brasil o volume de fato investido teve aumento anual de quase 15% no período, segundo pesquisa da Anjos do Brasil.

Mas se por um lado crescem capital e quantidade de empreendedores, por outro o número de empresas que realmente vão gerar retornos significativos não deve se alterar. De acordo com o respeitado investidor Fred Wilson, todo ano cerca de 30 empresas que receberam investimentos de fundos de venture capital nos EUA proporcionarão retornos desejados para os acionistas. Se o investidor não estiver em nenhuma delas, portanto, provavelmente perderá dinheiro.

Um dos conceitos mais importantes que todo investidor-anjo precisa incorporar é o de que os retornos em startups seguem uma distribuição de lei de potência — ou seja, provavelmente a melhor empresa de um determinado portfólio valerá mais do que todas as outras juntas. No entanto, embora a maioria das pessoas afirme entender essa lógica, são raras as que de fato a seguem. Talvez isso aconteça por ser difícil tornar tangível a diferença entre um retorno de 10 vezes e outro de 100 vezes (ou de mil vezes) — ao passo que a intuição nos remete a uma distribuição normal.

O investidor que entende a lei de potência deve chegar à conclusão de que para ter um bom resultado ao investir em startups é necessário agir da seguinte forma:

• escolher várias empresas, aceitando a ideia de que a maioria delas falhará;

• ter capital suficiente para fazer também novos aportes em rodadas futuras, o follow-on (afinal, é defendendo sua participação nas empresas bem-sucedidas que o investidor vai gerar o retorno esperado do portfólio).

Diversificar o risco não significa, entretanto, que aplicar em startups é o equivalente a jogar na loteria e que o investidor deve distribuir seu capital entre o maior número de empresas possível. Isso porque o objetivo, segundo a lógica aqui apresentada, não é investir em empresas que têm boa chance de sucesso, mas encontrar as poucas que alcançarão sucesso monstruoso. E como não é fácil encontrar um grande número de empresas com tamanho potencial de retorno, financeiramente falando faz mais sentido concentrar as apostas em 20 com expectativa de retorno de pelo menos 20 vezes do que em cem que possam retornar cem vezes o capital aplicado.

Nem os mais bem-sucedidos investidores-anjos do Vale do Silício têm uma taxa de acerto alta. Ron Conway, fundador do SV Angel e uma das maiores referências no assunto nos EUA, só não vê seu dinheiro evaporar em 60% das startups em que investe: o restante vai à falência. Considerando que ele investe em uma de cada 40 empresas que estuda (e que só analisa uma oportunidade se vier bem referenciada por sua vasta rede de contatos), fica claro que a taxa de mortalidade de uma startup é ainda muito superior.

Uma pesquisa da CB Insights feita com cerca de mil empresas que levantaram capital-semente entre 2009 e 2010 apresenta um interessante mapa do funil da indústria de venture capital:

• menos da metade (40%) das empresas levantou uma segunda rodada de capital;

• 22% proporcionaram uma saída para os investidores por meio de uma operação de fusão/aquisição ou IPO;

• menos de 1% alcançou um valuation igual ou maior que US$ 1 bilhão;

• 77% das startups faliram, estavam prestes a falir ou viraram um negócio lucrativo para os fundadores (mas sem potencial de ganho para os investidores).

Como escreveu Paul Graham: para ser bem-sucedido investindo numa área que contraria sua intuição, é necessário bloqueá-la e fazer aquilo que racionalmente sabe ser correto, apesar de parecer errado. Portanto, se investir em startups é mesmo para você, comece devagar e mantenha-se firme em busca de uma diversificação de pelo menos 20 negócios. Também faça uma diligência cuidadosa tanto da startup quanto dos co-investidores.


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