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Not for fun
Ingressos encalhados e perda de atrações viram descontos nas ações da T4F

Lady Gaga e Madonna seriam as estrelas do quarto trimestre de 2012 da Time For Fun (T4F). Mas o resultado foi decepcionante. Os ingressos para os shows da cantora americana Lady Gaga acabaram sendo vendidos numa promoção “compre um, leve dois”, e ainda assim encalharam. Os de Madonna tiveram “cota especial” com desconto de 40%, sem que o desempenho tivesse sido melhor. E, como se não bastasse, duas turnês previstas para este ano — a da banda Coldplay e a da cantora Fiona Apple — foram canceladas. Não por acaso, os preços das ações da empresa de entretenimento, única do setor a marcar presença na bolsa de valores, tiveram o mesmo destino: o desconto.

O SHOW3, como o papel é chamado no pregão, começou 2012 de forma espetacular, com alta acumulada de 57,2% até o dia 11 de abril, mês em a T4F fazia aniversário de um ano da abertura de capital. Na máxima do ano, a ação chegou a ser negociada a R$ 18,20. Contudo, em 19 de dezembro, valia apenas R$ 7,40 — o que representa uma queda de 59,34%. Emoção não faltou. Nem transparência. Sem meias palavras, a empresa comunicou aos investidores, em 10 de dezembro, que o resultado do quarto trimestre seria negativo e que poderia até mesmo afetar “o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) acumulado nos primeiros nove meses de 2012”. Não é pouca coisa. Ainda mais quando se leva em consideração que “historicamente, os resultados do quarto trimestre contribuíram para quase metade do Ebitda anual”, como destacam, em relatório, os analistas do BTG Pactual Carlos Sequeira, Bernardo Miranda, Fabio Levy e Bruno Andreazza.

Diante dessa notícia, o BTG refez seu cálculo e passou a estimar uma geração operacional de caixa de R$ 36 milhões para a Time For Fun em 2012, 67% inferior ao registrado em 2011. Nas contas do banco, o Ebitda de 2012 será 47% menor que a previsão anterior, e o de 2013, 45% mais acanhado.

Segundo José Cataldo, da Ágora, a redução na demanda por shows internacionais no Brasil é resultado do efeito combinado de menor crescimento econômico com maior endividamento das famílias. Essa mesma conjunção afetou o desempenho da T4F na Argentina, um mercado importante para a empresa.

Para piorar, a menor disposição dos consumidores em bancar o preço dos ingressos vendidos pela T4F deu-se num momento em que os custos da companhia estavam subindo. Como a própria Time For Fun assinalou em comunicado ao mercado, em dezembro, as contratações de artistas internacionais tiveram de ser feitas em meio a uma “desvalorização cambial superior a 20%”. O resultado final foi uma importante redução das margens.

Mas há ainda um terceiro fator a redesenhar a dinâmica do mercado de entretenimento: o aumento da concorrência. O fato é que as barreiras para a entrada nesse mercado eram menores do que se supunha anteriormente, quando a Time For Fun atendia, praticamente sozinha, a uma demanda reprimida por shows internacionais.

O caldo começou a entornar em setembro, quando a IMX, joint-venture entre o grupo EBX, do empresário Eike Batista, e a IMG Worldwide, anunciou acordo com o Cirque du Soleil. Até aquela data, a companhia circense do Canadá vinha para a América do Sul sempre com a passagem de avião e o calendário de shows organizados pela T4F. Em resposta a essa mudança, as ações sofreram um primeiro e importante baque em 25 de setembro, com queda de 16% em um só dia. Quando ainda tinha a exclusividade, a Time For Fun realizara quatro turnês do Cirque du Soleil — uma outra, o espetáculo Corteo, ainda vai acontecer, em março deste ano. Mas, depois disso, a bilheteria deve trocar de mãos. E não será uma perda trivial. De acordo com as estimativas da Ágora, o Cirque representa, hoje, 14% das receitas da T4F.

O acirramento da disputa no mercado de shows de música ao ar livre — ou outdoor, no jargão do setor — também veio para ficar. Concorrentes estão promovendo novamente festivais como o Lollapalooza, marcado para março, em São Paulo, e o Rock in Rio, em setembro, no Rio de Janeiro. Esse segmento representa, nos cálculos do BTG Pactual, aproximadamente 40% das vendas da T4F.

Diante de tantas mudanças, em dezembro, várias casas cortaram os preços-alvo projetados para a ação da T4F no próximo ano. O Credit Suisse ajustou de R$ 20 para R$ 11; o BTG, de R$ 17 para R$ 10. Mas aí está, pelo menos, uma boa oportunidade para quem apostar na recuperação do desempenho da T4F. Considerando que o papel estava cotado a R$ 7,40 em 19 de dezembro, o potencial de alta no período é de, no mínimo, 35%. Por isso, a recomendação da maioria das casas é de compra, mas com cautela.

Os analistas de investimento esperam que, daqui para frente, a Time For Fun aumente o foco em espetáculos de música indoor e otimize o uso das inúmeras casas de espetáculo que mantém no País. Afinal, o show tem que continuar.

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