Entre 2003 e 2012, o número de brasileiros atendidos por serviços de saúde privada cresceu 49,5%, atingindo os 48 milhões. Desse total, um em cada dez é cliente da Qualicorp, uma intermediária que oferece, em parceria com entidades de classe, adesão individual a planos empresariais de operadores de saúde. Nesse acordo, ela cuida da relação com o cliente e garante o pagamento no primeiro mês de inadimplência.
O modelo de negócios exige que a empresa conquiste um bom volume de consumidores para os convênios regularmente, o que vem ocorrendo. O problema é o ritmo desse crescimento. Até 2012, eram cerca de 750 mil usuários novos por trimestre; entre janeiro e março de 2013, foram 525 mil. O número ainda é razoável, segundo Sandra Peres, analista-chefe da Coinvalores. Porém, a inadimplência explodiu (chegou a R$ 24,2 milhões, ou 9,5% da receita líquida, entre outubro e dezembro do ano passado), e o lucro líquido desabou (R$ 7,4 milhões no primeiro trimestre de 2013, queda de 27% em relação a um ano antes). Não por acaso, as ações da Qualicorp acumulam queda de 25,04% em 2013.
Os analistas Maurício Fernandes e Thomas Humpert, da Merrill Lynch, salientam que a empresa tomou medidas para reduzir as perdas: passou a incentivar o pagamento em débito automático, criou uma lista negra de clientes e contratou uma firma de cobrança. Enquanto essas iniciativas não geram resultado, a companhia enfrenta o receio de que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) comece a regular os reajustes dos planos coletivos em um cenário econômico mais hostil.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina, entre 2009 e 2012, o número de leitos disponíveis na rede hospitalar para os planos de saúde caiu 12% (de 144 mil para 127 mil), e a quantidade de usuários aumentou em 5,5 milhões. Como resultado, subiram os custos, que foram logo repassados ao consumidor. Neste ano, os planos coletivos tiveram reajuste de até 44%, enquanto os individuais subiram no máximo 9,04%.
Apesar de ter subido menos, o convênio individual tem decepcionado pela qualidade do serviço, o que vem reduzindo o número de empresas interessadas em comercializá-lo. A tendência pode ser benéfica para a Qualicorp, já que amplia o mercado de potenciais compradores.
Os analistas do BTG Pactual João Carlos Santos e Pedro Montenegro estimam que a decisão da Golden Cross e da Amil de deixar de vender planos individuais — a Amil, líder no segmento, vendeu 1,1 milhão de planos no primeiro trimestre de 2013 — vai ampliar as adesões da Qualicorp entre 15% e 17% e expandir a base de associados da companhia entre 4% e 5% (supondo-se as taxas de rotatividade atuais).
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