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FIDCs sofrem com deterioração de crédito e baixo volume de captação
Ilustração: Rodrigo Auada

Ilustração: Rodrigo Auada

O aumento da inadimplência e a recente avalanche de pedidos de recuperação judicial já têm reflexos importantes sobre os fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs). Levantamento da consultoria Quantum Finance, feito a pedido de SELETAS, sugere que a qualidade dos créditos que servem de lastro para as carteiras teve franca deterioração nos últimos anos. As provisões para devedores duvidosos (PDD) — valores reservados pelos fundos para fazer frente a inadimplência de créditos — chegaram a uma média de 14% sobre o valor das carteiras em junho deste ano. Em agosto, último dado disponível, o indicador ainda era de 12,9%. A taxa é muito mais alta que a registrada em maio de 2012, de 7%. A pesquisa da Quantum analisou dados de 989 FIDCs, que representam toda a indústria dessa categoria de fundos no período entre 2012 e 2016.

“O movimento das provisões nos FIDCs se assemelha ao que se viu nos balanços de bancos como Bradesco e Itaú”, avalia Adeodato Volpi Netto, sócio da consultoria Eleven Financial Research. Nos últimos trimestres, como consequência da desaceleração econômica e do recuo da liquidez em geral no sistema financeiro, os dois bancos se viram obrigados a elevar seus níveis de PDD. Tanto no Bradesco quanto no Itaú, em valores absolutos, o aumento dos valores provisionados foi de cerca de 50% de 2014 para cá. Uma consequência secundária desse processo para a indústria de FIDCs foi o impacto sobre a classificação de risco dos fundos. Conforme a Quantum, somente neste ano houve 126 registros de rebaixamento de ratings de FIDCs por agências de risco, ao passo que as elevações somaram apenas 19.

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Outra má notícia para a categoria diz respeito às captações. De acordo com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), as ofertas de FIDCs registradas em 2016 somavam apenas R$ 901 milhões no acumulado até o último dia 26. No ano passado inteiro, o volume chegou a R$ 2,9 bilhões — e, ainda assim, muito distante do melhor resultado recente, de R$ 12,8 bilhões em 2006. Os números absolutos são os mais contundentes, mas os relativos também não animam. Levantamento mensal da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) indica que os fundos de direitos creditórios perderam espaço entre as alternativas usadas pelas companhias para levantar recursos. Neste ano, até agora, eles representam 4,2% das ofertas, à frente apenas das distribuições secundárias de ações — em 2011, os FIDCs corresponderam a 13,3% das captações.

Na visão de Volpi Netto, a razão da queda está justamente na qualidade geral dos recebíveis disponíveis no mercado, que hoje pode ser classificada como “frágil”. Para empacotar e conseguir vender créditos de qualidade inferior, os gestores precisam oferecer prêmios muito elevados — e, então, os FIDCs deixam de ser uma opção vantajosa para quem está em busca de recursos. “O que mais se vê é gente renegociando dívida ou rolando contratos. Para o investidor, que só espera que o crédito seja adimplido na data do vencimento, isso não é interessante”, explica. A alternativa é buscar recursos usando outros instrumentos — em 2016, por exemplo, ganham espaço os certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) e as notas promissórias. O ano, no entanto, não está completamente perdido para os FIDCs — ainda há o equivalente a
R$ 1,8 bilhão em ofertas sendo analisadas pela CVM.


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