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Fase iluminada
Dividendos vultosos e aquecimento da economia cearense fazem as ações da Coelce brilhar
A escolha das companhias para esta seção é feita a partir de um levantamento da Economática com a oscilação e o volume negociado mensalmente por ações que possuem giro mínimo de R$ 1 milhão por dia. A partir daí, são escolhidas aquelas que se destacam pelas variações positivas e negativas.


O temor de volta da inflação e a incerteza sobre as economias americana e europeia levam os investidores a buscar opções defensivas na Bolsa, especialmente as empresas com histórico de pagamentos gordos de dividendos. Não por acaso as ações preferenciais da Coelce, concessionária de serviços públicos de energia elétrica no Ceará, apresentam desempenho extraordinário em 2011: até 18 de agosto, exibiam alta de 29,5%; em 12 meses, valorização de 22%. Para se ter uma comparação, o índice de energia elétrica (IEE) evoluiu de forma bem mais modesta nos dois períodos: ganhos de 1,1% em 2011, e de 6,74% em 12 meses.

A companhia atende 3,1 milhões de consumidores cearenses e é controlada pelo grupo espanhol Endesa. Em 29 de abril, anunciou distribuição de 91% do seu lucro líquido de R$ 332 milhões para os acionistas, o equivalente a R$ 4,27 por ação preferencial. Isso representa um dividend yield (retorno proporcionado pelos dividendos em relação ao valor da ação) de 13,3% — nada desprezível em um cenário de taxa básica de juros no patamar de 12,5% ao ano.

“É um investimento voltado a dividendos”, afirma Marcos Severine, analista do Itaú BBA. Segundo ele, a ação deverá permanecer estável ao longo dos próximos meses, já que a distribuidora oferece os proventos aos acionistas uma vez por ano. Severine estima que o papel alcançará R$ 30,20 ainda em 2011 (confira as cotações em quadro na próxima página). “O próximo pagamento provavelmente ocorrerá apenas em março de 2012”, prevê o analista.

A liquidez rala do papel também contribui para sua valorização: a negociação diária média durante o semestre foi de apenas R$ 2,1 milhões, movimentados em 220 transações. O número de acionistas cresce à média anual de 10% desde 2008. “Nosso dividend yield médio nos últimos cinco anos é de 13%. Buscamos ter um pay out (percentual do lucro distribuído como dividendos) de 100%”, estima Luiz Carlos Bettencourt, diretor de relações com investidores (RI) da Coelce e diretor financeiro da Endesa. “No momento de crise, somos vistos como um porto seguro”, analisa.

Os dividendos explicam, na verdade, apenas uma parte da alta de Coelce. O bom desempenho se deve também à ascensão social dos cearenses, turbinada pelos programas Bolsa Família e Luz para Todos — este último criado pelo governo federal para universalizar o acesso da população à energia. Uma das distribuidoras que mais atuam no programa de universalização da rede elétrica é a Coelce. Desde 2004, fez mais de 150 mil ligações de clientes, e sua previsão é beneficiar cerca de 800 mil pessoas até o fim de 2011.

A companhia registrou 106 mil novos clientes em 2010, dos quais 90 mil não vieram do programa do governo, mas, sim, do crescimento da demanda urbana, decorrente do avanço da construção civil e da alta de renda das famílias. O consumo médio das residências fechou o ano passado em 108 kWh por cliente, e a perspectiva é de aumento. “Os projetos de investimentos devem elevar a renda da população e estimular o consumo”, diz Bettencourt. O estado espera receber grandes obras, como a ferrovia Transnordestina, uma siderúrgica e uma nova refinaria da Petrobras. A economia do Ceará tem crescido acima da média nacional: em 2009, enquanto o PIB brasileiro caiu 0,6%, o cearense cresceu 3,1%; em 2010, subiu 7,9%, acima dos 7,5% do País.

As questões operacionais também têm recebido a atenção da empresa, que busca maior eficiência. Em agosto, foi premiada como melhor distribuidora do País, em evento da Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee). A adimplência dos clientes no segundo trimestre chegou a 99,67%. Já os custos operacionais caíram de R$ 56,92 por cliente, entre janeiro e março de 2011, para R$ 52,29, entre abril e junho.

O caixa da empresa, no entanto, encontrará obstáculos no futuro, como a terceira revisão periódica de tarifas das distribuidoras de energia elétrica. Conduzido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o processo é realizado, na média, a cada cinco anos e busca proporcionar a divisão dos ganhos de eficiência das empresas com os consumidores. A Coelce será a primeira distribuidora do setor elétrico a passar pela terceira revisão, que deveria ter sido feita em abril. Segundo declarações recentes do diretor da Aneel, Nelson Hubner, o procedimento poderá ocorrer em outubro.

A revisão atrai a atenção do mercado. Nas audiências públicas sobre o tema, a Aneel sugeriu uma taxa de retorno econômico-financeiro de 7,57% para as empresas de distribuição, 0,42 ponto percentual acima da proposta anterior, mas abaixo dos 8% pretendidos pelo mercado e aquém dos 9,95% estabelecidos na segunda revisão, realizada há cinco anos. “Isso pode pressionar os papéis até a decisão ser divulgada, já que a revisão tem o potencial de apertar as margens e reduzir a lucratividade”, explica Ricardo Corrêa, analista da Ativa Corretora.

“O lucro da empresa e de outras que passarão pela revisão, como a Eletropaulo, poderá ser impactado, assim como os dividendos, o que nos deixa afastados do papel nesse momento”, observa o gestor de um grande banco. Sua preocupação está apoiada também em outro fator: a Coelce é uma companhia com grande foco na distribuição. Como a revisão de tarifas desse segmento pode ter impacto sobre as margens, a preferência do investidor é se concentrar nas companhias integradas, que atuam em geração, transmissão e distribuição.


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