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Crise faz despencar empréstimos voltados à inovação
Ilustração: Grau 180.com.

Ilustração: Grau 180.com.

Os percalços no caminho do crescimento das empresas iniciantes (startups) ganham corpo com as dificuldades macroeconômicas que o País enfrenta, alavancadas agora pelo início do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Agentes de financiamento de projetos inovadores relatam que a procura de empresários pelas linhas de crédito disponíveis desabou neste ano, diante da crise política que contaminou o setor produtivo.

“O ambiente de negócios é chave para nós. Com a atual realidade de juros, que traz um alto retorno às aplicações financeiras, e o cenário econômico, os investidores se sentem desencorajados ao risco [de aplicar em startups]”, disse o gerente do departamento de investimento em participações da Finep, Augusto Ferreira da Costa Neto. O executivo foi um dos painelistas do Grupo de Discussão promovido na última terça-feira pela CAPITAL ABERTO, em que foram debatidas as políticas públicas para a alavancagem de startups.

Segundo Neto, após a Finep ter registrado, no ano passado, o maior volume de crédito para financiamento à inovação dos seus 47 anos de história (um total de R$ 8,5 bilhões), houve uma violenta retração neste ano, para a faixa de R$ 1,2 bilhão. “Obviamente, o acesso ao crédito está dificultado, com os mecanismos de funding da Finep mais restritos. Mas a procura e as consultas de financiamento também caíram muito, inclusive no BNDES”, relatou. “A incerteza para a inovação é grande. Atualmente, as empresas estão mais preocupadas em fechar as contas”, completou o gerente da agência de fomento público à ciência, tecnologia e inovação.

Para o chefe do departamento da área de capital empreendedor do BNDES, Leonardo Pereira, mais do que disponibilizar recursos, é preciso mudar o ecossistema, desenvolvendo os agentes (prestadores de serviços, incubadoras e aceleradoras) de forma integrada, dentro do ambiente universitário. “O problema não é de capital, mas sim do ecossistema. O BNDES investe pouco mais de R$ 1 bilhão em empresas médias e nascentes, cerca de 0,5% dos nossos ativos. É muito pouco”, disse.

Falta o “Facebook brasileiro”

Pereira acrescentou que o Brasil é caso único, entre as 20 maiores economias do mundo, em que o setor público investe mais do que o privado em inovação. “O setor privado é que deveria puxar a inovação das pequenas empresas”, ressaltou. Segundo ele, os empresários ainda estão descrentes em relação ao apoio a parques tecnológicos que ofereçam ambiente propício à inovação, pois não há visão estratégica do potencial desses núcleos. “Ainda faltam casos de sucesso, como um ‘Facebook brasileiro’, para incentivar esses investimentos”, comparou.

Em meio a esse cenário, o poder público e os legisladores precisam desenvolver formas de proteger o investidor, desburocratizar o investimento e incentivar os aportes em empresas-anjo, observou o sócio do escritório Derraik & Menezes Advogados Rodrigo Menezes. Na avaliação dele, é necessário “mudar a cultura e a cabeça dos juízes do trabalho”, que, com a desconsideração da personalidade jurídica, desrespeitam princípios do direito societário. “Os investidores são responsáveis pelos aportes e, se a empresa for malsucedida em determinado processo, eles têm de pagar a conta”, afirmou, em referência à lei que prevê o bloqueio e o arresto de contas correntes ou bens de investidores diante de eventuais passivos trabalhistas e tributários.

O presidente da Endeavor Brasil, Juliano Seabra, destacou que, de outro lado, há um ambiente de inovação sendo construído no País, com mais pessoas empreendendo e buscando inovar. “Isso é inegável. Há uma multiplicação do número de pessoas que querem abrir empresas, não só pela lógica de ficar rico, mas também para contornar a crise”, disse. No entanto, os empreendedores sofrem com a falta de um preparo mínimo para acessar os mecanismos de financiamento disponíveis. “Existe um problema de assimetria da informação, especialmente quando se busca apoio na Finep ou no BNDES. O empreendedor não sabe como recorrer a essas fontes”, afirmou.


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