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Num ano em que a seleção minuciosa das ações ganha força na bolsa, gestoras ouvidas pela CAPITAL ABERTO indicam suas principais apostas

, As favoritas, Capital AbertoAs ações de empresas voltadas para o mercado interno seguem no topo das recomendações de corretoras e gestoras em 2013. Diante de uma conjuntura ainda desafiadora fora do Brasil, agravada pelo menor ritmo de expansão da China, pesos-pesados da bolsa como Vale e Petrobras cedem lugar nas listas de indicações para companhias ligadas ao consumo doméstico — que neste ano, aliás, devem ganhar fôlego extra com o crescimento mais forte do Produto Interno Bruto (PIB), estimado em 3%. “O ciclo de alta das commodities está distante, o que nos afasta de setores como mineração e petróleo”, observa William Alves, analista da XP Investimentos. “Há outras empresas que podem render muito mais, com destaque para as de menor porte.”

Entram em cena papéis como os da fabricante de calçados Grendene, da rede de farmácias Dimed e da varejista Magazine Luiza. No radar dos especialistas despontam ainda companhias com alto potencial de valorização em relação a seus concorrentes, como a construtora PDG Realty e a siderúrgica Usiminas, que passam por processos de reestruturação. Bancos e companhias de energia, que em 2012 sofreram com canetadas do governo em seus setores de atuação, também podem trazer boas oportunidades de ganhos. “O investidor terá de assumir mais risco e selecionar melhor as ações”, diz Mario Mariante, analista da Planner.

A seguir, apresentamos as principais apostas de quatro gestoras para 2013. XP Investimentos, Infinity Asset, Planner, e Socopa selecionaram, cada uma, uma carteira de cinco ações que, de acordo com suas projeções, têm ótimas chances de brilhar.

XP INVESTIMENTOS — Depois de ter apanhado em 2012, o setor bancário volta a oferecer boas oportunidades de ganho. Os papéis do Itaú Unibanco são os preferidos do analista William Alves. “O desempenho ficou muito aquém das ações do Bradesco, e os múltiplos estão descontados”, avalia. A ação preferencial (PN) do Itaú era negociada a um P/L (relação entre preço e lucro por ação) de nove vezes, quando a média do setor bancário é de 11 vezes. Apesar de as altas taxas de retorno sobre o capital terem ficado para trás, o negócio continua bastante rentável. O Itaú deve apresentar, segundo as projeções de Alves, retorno sobre o patrimônio (ROE, na sigla em inglês) de 18% em 2013. O ambiente tenderá a ser mais favorável, com retomada do crescimento econômico e inadimplência em baixa. “A pressão do governo cessará, e o setor vai começar a andar”, prevê.

No segmento imobiliário, seus olhos estão voltados para as ações da PDG Realty, que têm enfrentado dias difíceis na bolsa. No ano, até 6 de dezembro, acumulavam perda de 50%. “O pior já passou”, considera Alves. “Estamos à espera de um plano de negócios de longo prazo e prevemos que os gestores irão entregar resultados.” A PDG está sob nova direção desde setembro, após uma agressiva estratégia de crescimento ter resultado em escalada de custos e atraso nos lançamentos. O orçamento de todas as obras em curso está sendo revisado, e o resultado desse trabalho deverá ser apresentado junto com o balanço do quarto trimestre, em março, quando os primeiros efeitos da virada operacional também deverão aparecer.

Em meio à pressão que a intervenção do governo exerceu sobre o setor elétrico nos últimos meses, o analista da XP destaca, dentre as recomendações para 2013, os papéis da Taesa, transmissora de energia controlada pela Cemig. “Os contratos da companhia vão até 2030, em média, e por isso não foram afetados pelo governo”, afirma o analista. A polêmica Medida Provisória 579 previu novos termos para a renovação das concessões que vencem entre 2013 e 2017. A previsibilidade de geração de caixa da Taesa combina-se a outra vantagem: a companhia está incorporando projetos. Em junho, por exemplo, concluiu a compra da fatia remanescente de 50% detida pela espanhola Abengoa em quatro ativos de transmissão no País, por R$ 904 milhões. “O dividend yield da Taesa deve ficar em torno de 7% e poderá crescer mais com as recentes aquisições e a boa gestão da empresa”, prevê Alves.

A Cosan também está entre as apostas da XP Investimentos. A empresa vem ampliando sua atuação no mercado, da produção de açúcar e álcool à distribuição de combustível em postos de gasolina. Mais recentemente, com a aquisição da Comgás, incluiu na lista de atividades o fornecimento de gás para o estado de São Paulo. Com esse passo, além de incrementar sua margem de lucro, a Cosan ganha acesso a uma empresa com previsibilidade de caixa e considerada boa pagadora de dividendos. “Isso vai reduzir seu custo de captação e alavancagem”, projeta Alves.

Para adicionar um pouco de pimenta à carteira, Alves encerra sua seleção com a OSX. As ações da empresa de estaleiros de Eike Batista atingiram, em dezembro, seu menor nível em bolsa desde a abertura de capital, em março de 2010. “A companhia precisa mostrar capacidade de entregar os pedidos já recebidos e as encomendas futuras”, adverte. “Mas tem ótima exposição em um setor com grande potencial.” Segundo o Plano Decenal de Energia elaborado pelo governo, o setor de óleo e gás deve receber cerca de R$ 700 bilhões em investimentos em dez anos.

“A PDG tem apresentado os piores resultados entre as construtoras, mas 2013 tende a ser um ano de recuperação”

INFINITY ASSET — As ações fora do holofote dos investidores são justamente aquelas que estão na mira de Henri Siro Evrard, analista de investimentos da Infinity Asset. Um dos destaques de sua carteira é a Dimed, dona da maior rede de farmácias da região Sul do País, a Panvel. Apesar de desconhecida por grande parte dos aplicadores, está listada em bolsa há 35 anos. Em 2011, recusou oferta de compra da BR Pharma, controlada pelo BTG Pactual. “A Dimed passa por uma ótima fase, ao mesmo tempo em que o setor experimenta uma consolidação”, diz. A operação verticalizada da empresa, responsável pela distribuição dos medicamentos, permite capturar margens melhores. O uso de marca própria em produtos cosméticos também a diferencia dos concorrentes. “O crescimento substancial que o segmento farmacêutico tem apresentado e a boa performance operacional da Dimed são aspectos positivos para 2013”, ressalta Evrard

A ação da Ideiasnet é outra garimpada pelo analista. A companhia de participações, que investe em empresas de tecnologia da informação, mídia, internet e telecomunicações, está exposta a mercados que crescem acima de 30% ao ano, como games e tablets. Tem exclusividade no desenvolvimento de jogos para a plataforma Xbox, da Microsoft, no Brasil, e no segmento de tablets possui forte relação comercial com a Apple. Em outubro, a Ideasnet adquiriu 11,3% na AmoMuito.com, dedicada ao comércio eletrônico de acessórios femininos.

Assim como a XP Investimentos, a Infinity escolhe a PDG Realty no setor imobiliário. “A empresa tem apresentado os piores resultados entre as construtoras, mas 2013 será um ano de recuperação”, crê Evrard. O maior controle de custos deverá aumentar as margens e a eficiência operacional da construtora, que ainda pode vender ativos não rentáveis para reduzir sua alavancagem.

Outra aposta em uma virada operacional recai sobre a Usiminas. A siderúrgica, que tem 80% de sua produção voltada para o mercado interno, sofre com a concorrência acirrada do aço importado e perde margem. Para melhorar os resultados, seguirá o receituário básico de uma reestruturação: cortar custos e fazer caixa. “A Usiminas deverá descontinuar linhas de produtos pouco rentáveis, vender ativos e firmar parcerias estratégicas”, enumera Evrard. “Com a melhora operacional, se reposicionará no setor.”

Os papéis da Minerva fecham a lista das cinco principais apostas da Infinity para 2013. A produtora de alimentos aumentou recentemente seu capital com uma oferta de ações em bolsa de R$ 550 milhões. Do total de recursos captados, 65% serão utilizados para “equilibrar” a estrutura de capital da empresa. Ao fim de setembro, a dívida total da Minerva somava R$ 2,61 bilhões. “Sua eficiência operacional permitirá que ela se beneficie da recuperação das margens dos frigoríficos”, conclui Evrard.

“A eficiência operacional da Minerva permitirá que ela se beneficie da recuperação das margens dos frigoríficos”

PLANNER — Passado o nervosismo do investidor com a cruzada do governo para reduzir o spread das operações financeiras, o Bradesco encabeça a lista de indicações da corretora Planner para a bolsa em 2013. O cenário de queda de juro já está precificado, na avaliação do analista Mario Mariante. A projeção de ROE para este ano é de 17,5%. “O Bradesco tem ainda um segmento de seguros e previdência com muito potencial para crescer, que representa 30% do lucro”. O crescimento da economia vai ajudar a corrigir para baixo a inadimplência.

No varejo, o destaque fica com os papéis do Magazine Luiza. A varejista está concluindo a integração das lojas do Baú da Felicidade e deve ser favorecida pela ascensão da classe C. A incorporação das operações que pertenciam ao apresentador Silvio Santos, bem como da rede de Lojas Maia, com forte presença no Nordeste, trouxe problemas para a empresa em 2012, devido ao aumento das despesas extraordinárias. No terceiro trimestre, o lucro líquido da varejista desabou 79,9% em comparação com o mesmo período de 2011, para R$ 2,3 milhões. A geração de caixa (Ebitda) caiu 25,4% na mesma base de comparação, para R$ 68,8 milhões. “A hora de entregar os resultados é em 2013, com a base do Baú consolidada e presença fortalecida na região Nordeste”, diz Mariante.

Com perspectivas de um ano novo também auspicioso, a Eztec tende a se destacar no setor imobiliário tanto nos lançamentos como nas vendas, segundo o analista da Planner. Uma das vantagens apontadas é sua boa exposição no mercado corporativo. Um edifício em construção na zona sul de São Paulo, com valor geral de vendas (VGV) estimado em R$ 1,2 bilhão e batizado de EZ Tower, será o cartão-postal da empresa no mercado, acredita Mariante. O valor é parecido com o VGV que a companhia espera alcançar este ano, considerando todos os seus lançamentos. “Esse projeto é uma carta na manga e representará um salto no resultado de uma empresa com ótima gestão”, ressalta. Apesar de o papel ter valorizado 70% nos 12 meses até 18 de dezembro, Mariante crê que há espaço para subir mais. “A Eztec é, de longe, a melhor empresa do setor, com margem líquida superior a 40% e sem dívida”, resume.

A ação da Ultrapar também figura entre as recomendações de Mariante. A empresa do setor químico tem crescido no Brasil e no exterior e, dado seu baixo grau de alavancagem, deve continuar nessa toada. A relação entre dívida líquida e Ebitda está em apenas 1,6 vez. Dentre as aquisições anunciadas em 2012 pela Ultrapar está a de uma empresa de especialidades químicas no Uruguai, por cerca de US$ 80 milhões, que mantém uma rede de logística eficiente para exportações ao Cone Sul. A empresa também adquiriu, por US$ 15 milhões, uma planta de produtos químicos da Pasadena Property, nos Estados Unidos, beneficiando-se de condições atrativas de matérias-primas em um dos mais importantes centros mundiais de produção. A Ultracargo, seu braço de armazenagem para granéis líquidos, arrematou um terminal no Porto de Itaqui, perto de São Luís, Maranhão, onde ainda não tinha operação. “A Ultrapar tem diversificado suas operações e investido em setores com maiores margens sem tirar o foco do mercado interno”, destaca o analista. “Além disso, é boa pagadora de dividendos.” No primeiro semestre, foi aprovado o pagamento de R$ 273 milhões em proventos, equivalente a um payout de 64% sobre o lucro do período.

A carteira de recomendações da Planner inclui ainda os papéis da concessionária Ecorodovias. Mariante espera que as empresas tenham sucesso na resolução de pendências jurídicas envolvendo a legitimidade da concessão do Complexo Tecondi e na aprovação da proposta vencedora do Consórcio da Vitória — da qual a Ecorodovias faz parte — no processo de licitação de um trecho da BR 101 (entre os Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo). Atualmente, a licitação da rodovia está paralisada por questionamentos na Justiça Federal. Outro atrativo é a presença da Ecorodovias no setor logístico. A atividade tem crescido a dois dígitos nos últimos dez anos e deve manter trajetória de expansão com os planos anunciados pelo governo, de R$ 180 bilhões em investimentos em ferrovias, estradas e portos nos próximos anos.

SOCOPA — O estrategista Marcelo Varejão, da Socopa, aponta os papéis da fabricante de calçados Grendene como uma opção de segurança. A empresa não tem necessidade de pesados investimentos e, na estimativa do analista, seu retorno em dividendos (dividend yield, em inglês) deve chegar a 7% em 2013 — de encher os olhos num cenário de Selic a 7,25% ao ano. Em 2012, a companhia alterou sua política de dividendos, aumentando o percentual do lucro a ser distribuído aos acionistas de cerca de 40% para 75%. “Fora isso, ainda há boas oportunidades de crescimento do negócio”, diz Varejão.

Também ligada ao mercado interno, a concessionária de transportes CCR tende a se beneficiar do impulso que os R$ 133 bilhões de investimento para reforma e construção de ferrovias e rodovias anunciados pelo governo levarão ao setor. Outro pacote prevê R$ 40 bilhões em investimentos em portos. Segundo Varejão, apesar da postura conservadora nos leilões dos aeroportos brasileiros, a CCR conta com extensa carteira de projetos, dentre eles a privatização do aeroporto de Portugal. Recentes aquisições — como a ViaExpressa Transolímpica, além da concessão de aeroportos em Equador, Costa Rica e Caribe — poderão impulsionar a geração de caixa da empresa, que tem posição confortável para assumir investimentos. Das licitações abertas no País em 2012, ficou apenas com a do aeroporto de Guarulhos, arrematada por R$ 16 bilhões (ágio de 375%).

Apesar do cenário internacional incerto, Varejão pinça dois papéis que têm boa parte da receita vinculada ao mercado externo: BR Foods e Suzano Papel e Celulose. No caso da produtora de alimentos, a expectativa é de que o cenário de 2013 combine menor pressão sobre as matérias-primas e câmbio desvalorizado, o que deve elevar a receita e a margem. Simultaneamente, espera-se que os ganhos com sinergias da fusão entre Sadia e Perdigão cheguem a R$ 1 bilhão em 2013. Em 2012, elas deverão ficar em R$ 700 milhões. O lucro líquido da Brasil Foods caiu 75% no terceiro trimestre do ano passado ante mesmo período de 2011, para R$ 91 milhões. O resultado foi pressionado pelo aumento do custo de matérias-primas e pelo cumprimento do acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a união das duas companhias. “A empresa deve ter um ano forte em 2013. A redução de gastos e a demanda elevada, favorecida pelo crescimento maior, devem ajudar a recompor preços”, analisa Varejão.

A ação da Suzano Papel e Celulose é outra que poderá se destacar em 2013, segundo Varejão. Enquanto a ação da concorrente Fibria subiu cerca de 50% até o início de dezembro, a da Suzano avançou 4%. “A empresa está em um momento de virada”, julga Varejão. “A menor alavancagem, combinada a novos projetos, vai gerar mais caixa.” No quarto trimestre de 2013, está prevista para entrar em operação uma unidade no Maranhão, com capacidade de produção de 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano e geração excedente de energia de 100 MW. A Suzano realizou recentemente captações de R$ 1,6 bilhão para alongamento do perfil da dívida, com prazo médio de seis anos. Esse planejamento financeiro, na opinião de Varejão, leva conforto para o fluxo de caixa até o fim de 2016 e garante a execução de todos os investimentos no Maranhão sem necessidade de refinanciamentos ou novas captações.

No setor imobiliário, Varejão aposta em uma empresa de menor porte, a Even, que alia situação financeira confortável e baixo risco de alavancagem para fazer frente a seu plano de crescimento. Enquanto outras incorporadoras patinam, a Even se tornou geradora de caixa em 2012, com R$ 99 milhões acumulados até setembro, observa o analista. Apresenta, ainda, um ROE anualizado de 15,5% e margem Ebitda de 20%. Em vez de atuar em todo o Brasil, a Even resolveu concentrar esforços em quatro mercados: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Melhorou, assim, o controle de custos das obras.


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