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Capitalismo para ONGs
Bolsa de Valores Sociais e Ambientais (BVS&A) quer atrair “investidores” estrangeiros para o seu pregão

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Do lançamento, em 2003, até abril de 2011, foram captados R$ 11 milhões para investir em 82 projetos sociais. E atualmente há outras 15 iniciativas sendo capitalizadas. É com esses números que o Instituto BM&FBovespa comemora o sucesso da Bolsa de Valores Sociais e Ambientais (BVS&A), criada com a missão de servir como ponto de encontro entre investidores sociais e projetos promissores com esse perfil. Agora, o próximo passo da BVS&A é ganhar o mundo. Ela se prepara para permitir que estrangeiros comprem “ações sociais” em seu “pregão”.

Como adianta o nome escolhido, a BVS&A é um programa inspirado no modelo operacional de uma bolsa de valores. Os projetos são selecionados por uma equipe de especialistas em iniciativas sociais e ambientais e oferecidos na bolsa, com informações sobre o projeto e a ONG responsável. A diferença para o mercado de ações tradicional está no retorno. Este não é medido em lucro ou dividendo, mas “em uma sociedade mais justa e um planeta mais saudável”.

Além de atrair doadores internacionais, a bolsa quer aumentar a quantidade de pessoas físicas que contribuem com os projetos. Segundo Sônia Favaretto, diretora de sustentabilidade da BM&FBovespa, o percentual de participação desse público é irrelevante, principalmente se comparado ao número de companhias que montam carteiras sociais. Isso acontece, em grande parte, porque a legislação brasileira não permite que as pessoas físicas deduzam do imposto de renda (IR) os donativos feitos para ONGs. No caso de empresas, existe a possibilidade de abatimento do IR devido, desde que respeitados alguns limites e disposições contábeis. Em razão dos aperfeiçoamentos que estão sendo desenvolvidos, a Bolsa de Valores Sociais e Ambientais está fechada para inscrições de novos projetos até o primeiro semestre deste ano.

Os recursos obtidos pelas ONGs com a venda de suas “ações sociais” na BVS&A são integralmente repassados aos projetos, não incidindo sobre eles nenhuma taxa ou comissão. O Instituto BM&FBovespa assume todos os custos operacionais da compra das ações pelos doadores, que pode ser feita através de boleto bancário ou cartão de crédito. O próprio instituto também contribui com os projetos através da bolsa social — no último ano, investiu R$ 500 mil. E realiza o Dia da Responsabilidade Social, em que os emolumentos cobrados pela BM&FBovespa são repassados à BVS&A.

A BVS&A pretende aumentar a quantidade de pessoas físicas que contribuem com os projetos

O exemplo contagiou outras bolsas mundo afora. Após a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconhecer oficialmente a BVS&A como um modelo a ser seguido, outras bolsas de valores fizeram movimentos parecidos. Em 2006, a Bolsa de Valores de Johannesburgo criou a South African Social Investment Exchange (Bolsa de Investimentos Sociais da África do Sul). Mais recentemente, em 2009, foi a vez de os portugueses da Euronext Lisboa lançarem a Bolsa de Valores Sociais, apoiada pelas fundações EDP e Calouste Gulbenkian.

Dentre os diversos projetos que a BVS&A ajudou, uma iniciativa de Aquiraz, município a 25 quilômetros de Fortaleza, chama a atenção. Em apenas 45 dias, foram obtidos os recursos para o projeto cearense MídiaCom, que transforma jovens carentes em programadores de Power Point. Cabe lembrar que todos os projetos listados na BVS&A apresentam um cronograma financeiro dividido em etapas. Toda vez que há recursos para se executar pelo menos uma fase do projeto, o dinheiro é liberado e sua aplicação é supervisionada por uma equipe técnica.

Fábio Beneduce, coordenador-geral do Instituto Tecnológico e Vocacional Avançado (Iteva), uma organização não governamental cearense, foi quem teve a ideia de capacitar estudantes secundaristas de escolas públicas de Aquiraz para a criação e o desenvolvimento de apresentações em Power Point para empresas do setor de energia. “Vimos que era necessário ampliar a formação dos jovens, incluindo no currículo matérias como gestão”, lembra Beneduce, sobre o projeto que começou em março de 2004. Em outubro de 2007, o MídiaCom fez sua estreia na BVS&A, onde ficou até dezembro do mesmo ano. Hoje, são mais de 130 jovens criando apresentações de alto nível para empresas como Petrobras, Siemens, Natura, Coca-Cola e Telefônica. “São tão bem elaboradas que parecem ter sido feitas em Flash, um programa mais avançado”, orgulha-se o mentor do projeto.

De acordo com Sônia, o MídiaCom é um bom exemplo dos resultados que se quer alcançar com a BVS&A. “Proporcionamos visibilidade e acesso a recursos para que projetos saiam do papel. Depois, com a qualidade do trabalho, eles seguem sozinhos.”


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