A luta pela qualidade das informações contidas nas convocações de assembléia das companhias brasileiras está dando resultado. O manual da assembléia geral ordinária (AGO) da Bovespa Holding, no dia 10 de abril, reforça essa tendência, a começar pela mensagem do presidente do conselho de administração: “Caro(a) acionista, sua presença em assembléias de empresas das quais o Sr.(a) detém ações é muito importante. Faça disso um hábito”, escreve Raymundo Magliano Filho, na tentativa de atacar um dos pontos fracos dessas reuniões, o baixo quórum.

O leitor comum, não habituado a termos técnicos, tem em mãos um texto bem mais convidativo que a maioria dos documentos do gênero. Há um capítulo exclusivo para a explicação das matérias — e dos conceitos a elas relacionados — a serem deliberadas na AGO, em forma de perguntas e respostas. No item “demonstrações financeiras e parecer dos auditores independentes”, são respondidas questões como “Qual a finalidade das demonstrações financeiras?” ou “Qual o papel dos auditores independentes?”.

A iniciativa da Bovespa junta-se à de outras companhias de capital pulverizado, como a Lojas Renner, a Embraer e a BM&F. O objetivo é melhorar a comunicação sobre as assembléias para atrair um número maior de acionistas e atender aos quóruns mínimos de votação. Nos Estados Unidos, os informativos detalhados sobre os temas a serem tratados nas assembléias, chamados de proxy statements, são comuns há bastante tempo. A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, é uma incentivadora do modelo. Em março, a Comissão de Valores Mobiliários incluiu a apresentação do manual em seu ofício circular (veja seção Panorama, página 10).