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Assédio internacional
Com a confirmação do grau de investimento pela Fitch, gestores de fundos estrangeiros renovam suas apostas no País

, Assédio internacional, Capital AbertoAinda no clima de euforia, menos de um mês depois de a Standard & Poor’s ter anunciado a elevação do rating brasileiro de BB para BBB- , a Fitch anunciou a sua classificação de grau de investimento para o País. Foi a abertura da chancela aos investidores que aguardavam a validação do rating para desembarcar por aqui e uma renovação de otimismo entre os que já tinham fincado base no Brasil. “O grau de investimento é a cereja no topo do bolo que estava faltando”, resume Clariza Mullins, responsável pelo fundo de endowment da Pepperdine University, na Califórnia. Dos US$ 563 milhões administrados, o fundo aloca 10% em ativos de países emergentes e, desses, 2% no Brasil. “O grau de investimento nos deu ainda mais confiança. Agora vamos buscar oportunidades em private equity também”, diz Clariza. O fundo está olhando com atenção setores que considera estratégicos aqui, como o de serviços financeiros. “Acredito que há boas oportunidades relacionadas ao consumo interno”, diz a gestora.

O sistema financeiro também foi lembrado por Rafael Stone, membro do comitê executivo do fundo de endowment da Washington State University, com cerca de US$ 1,2 bilhão. Stone é ligado à gestão de dezenas de outros fundos, e o Brasil está na mira dele como uma oportunidade de investimento alternativo, agora sob os holofotes garantidos pelo grau. “O investment grade ajuda muito, tanto do ponto de vista da economia brasileira, que passa a receber novos aportes e crédito mais barato, quanto para o investidor estrangeiro, que pode gerenciar melhor sua exposição ao risco”, diz Stone. “Dezenas de clientes meus já estão no País e, definitivamente, haverá mais investimentos de dólares agora”.

O Sistema de Aposentadoria de Baltimore, fundo de US$ 1,3 bilhão, é administrado pela Trilogy Global Advisors e pela Pine Capital Investment Manager, com, respectivamente, 12% e 35% de ativos alocados no Brasil. Thurman Zollicoffer, funcionário do governo de Baltimore, acredita que os gestores serão incentivados a alocar parcelas maiores no Brasil depois da obtenção do selo. “Os endowments ficarão mais à vontade para alocar dólares no país.”

DEUS É BRASILEIRO — O selo das agências de rating deu gás a uma motivação de investimento que os estrangeiros vinham mostrando há algum tempo. Philip Schaefer, presidente do World Pension Forum (WPF), esteve no País em maio, trazendo um grupo de 60 investidores, e não se conteve: “Quando fui para o Brasil entendi porque dizem que Deus é brasileiro. Esse país é o futuro”. Exageros à parte, os recursos naturais, as proporções do país e as melhorias conquistadas na macroeconomia, nos modelos de gestão e na governança corporativa foram citações recorrentes entre essa turma. “Muitos investidores voltaram da viagem interessados no País. Mesmo com uma recessão em curso nos Estados Unidos, o Brasil vai muito bem”, acrescenta Schaefer.

A visita liderada pelo presidente do WPF contou com o suporte da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), que, segundo ele, funciona como “os olhos e os ouvidos” do fórum sobre o que acontece no Brasil. Claro que todo mundo sabe que Deus é brasileiro, mas não custa nada colaborar com Ele, certo? Muitas instituições interessadas em atrair investidores estrangeiros para o Brasil têm sido ativas na organização de viagens (as chamadas learning journeys) e road shows para acelerar esse processo. Renae Griffin, advogada da RG & Associates, foi responsável por selecionar um grupo de investidores que esteve por aqui em setembro do ano passado. “O United States Department of Commerce e a National Trade Association procuravam informação sobre países que pudessem representar boas oportunidades para os investidores domésticos americanos. O Brasil, junto com África do Sul e os outros BRICs, é muito interessante”, diz Renae.

Todo o potencial deste país tropical não passa despercebido quando o assunto são as benesses do agribusiness. O Brasil é destino garantido para um fundo que a Gaia, gestora suíça especializada em recursos naturais e mercados emergentes, está lançando. “Estamos procurando papéis do Brasil para incluir no fundo e avaliando diversas companhias. Devemos começar a fazer as aquisições de ações para o World Agri Fund em 1º de junho, quando o fundo começa a operar”, diz Bard Sullenger, diretor da Gaia. “Uma das coisas mais impressionantes no Brasil é a escala, seja em commodities, no setor agrário ou nas operações das empresas”. Representantes da gestora já estiveram em conversas com algumas empresas brasileiras, como Agrenco, Fertilizantes Heringer, Grupo São Martinho, SLC Agrícola, BrasilAgro, Cosan e Clean Energy. “É bastante possível que compremos esses papéis. O Brasil é muito competitivo, por fatores como baixos custos trabalhistas e operacionais”, diz Sullenger.

Algumas preocupações demonstradas pela Moody’s, a única das três maiores agências de rating a não ter elevado o Brasil a grau de investimento até o fechamento desta edição, ainda ecoam entre os investidores. A agência destaca a necessidade de uma reforma estrutural que melhore o desempenho fiscal do País. Além disso, questões tributárias parecem assustar os investidores. “É preciso que exista previsibilidade sobre o que teremos de pagar em impostos”, diz Rafael Stone, da Washington State University.

Enquanto uns buscam segurança, outros fazem questão de dispensá-la. Um exemplo é a Exotix, gestora que trabalha em mercados emergentes e de alto rendimento. Para quem tem risco na veia e está no Brasil há mais de uma década, o grau de investimento tem o efeito contrário. “A gente sempre tem de buscar oportunidades novas, ou fazer o inverso do mercado: os investimentos que deixam de ser interessantes para a maioria das pessoas podem passar a ser para a gente”, diz Richard Black, executivo do Exotix. Ele garante, contudo, que a Exotics não deixará o país tão cedo: “O espaço de ação em mercados emergentes ainda é bastante grande.”


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