À mercê do pré-sal
Apesar de ter seu futuro ligado ao da Petrobras, Lupatech deixa dúvidas sobre capacidade de crescer ainda mais

Para um investidor ansioso e angustiado, não serve. O papel da Lupatech está mais voltado para os adeptos da homeopatia, aqueles que comungam de boa dose de paciência para esperar o resultado ao longo do tempo. Até porque, o futuro da companhia, apesar de se mostrar vigoroso, está diretamente relacionado ao que vai acontecer com a bilionária exploração do pré-sal. Explica-se: embora tenha uma produção diversificada, a brasileira Lupatech tem o grosso da receita proveniente da venda de equipamentos e produtos que fornece para a área de exploração e produção de petróleo.

Diante de um cenário fabuloso em relação às descobertas do pré-sal, seria natural que os papéis da fabricante estivessem em alta. Mas não estão. Ao contrário. Derraparam e, apesar de a empresa ter divulgado vendas crescentes, os resultados não agradaram ao mercado. Analistas que acompanham minuciosamente o dia a dia do setor torceram o nariz para a Lupatech e muitos deles alteraram a recomendação para neutro. Segundo levantamento realizado pela Economática, a Lupatech era a única companhia de um total de 159 com giro mínimo de R$ 1 milhão por dia a apresentar desvalorização de seus papéis nos últimos seis meses.

Em seu relatório, o Credit Suisse rebaixou o preço alvo da Lupatech de R$ 25 para R$ 24 e alterou a recomendação de underperformance para neutro. Embora espere que o setor de óleo e gás no Brasil terá um crescimento nunca visto, o banco suíço não acredita que haverá novas surpresas vindas da exploração do pré-sal. Até porque a Petrobras já anunciou os seus investimentos na área até 2020. Além disso, o relatório prevê alta volatilidade nos ganhos da companhia, devido ao provável aumento da competição no mercado doméstico de equipamentos para a exploração e produção de óleo. E, consequentemente, maior pressão da estatal para baixar os preços. “As duas razões farão com que a Lupatech venda a preços mais baixos que os praticados historicamente”, informa o relatório. A companhia produz equipamentos para exploração de poços e cabos para ancoragem de plataformas em águas profundas.

Ainda na visão do Credit Suisse, a Lupatech só teria uma performance melhor que o mercado brasileiro se tivesse condições de entregar excelentes resultados num futuro próximo – o que o banco considera ser pouco provável. No entanto, embora seja cético em relação ao futuro imediato da companhia, o Credit Suisse reconhece que a Lupatech está em posição de vantagem para se beneficiar no longo prazo do cenário que se abre para a indústria de óleo e gás no Brasil. “A empresa está bem posicionada para aproveitar esse novo paradigma na indústria, especialmente levando-se em conta a sua liderança no mercado local, com grande espaço para aumentar a produção sem altos gastos de capital (capacidade ociosa), além de manter bom relacionamento com a Petrobras”, informa o relatório.

O analista do JP Morgan, Rodolfo De Angele, destaca que a Lupatech mantém um sólido crescimento nos últimos anos. Mas acredita que a fabricante vai levar mais tempo que o esperado para transformar esse crescimento em lucro.
O futuro da empresa está apoiado na real capacidade da Petrobras de transformar o petróleo do fundo do mar no ouro negro de verdade.

O entorno que cerca o setor é superlativo: avalia-se que serão necessários investimentos de US$ 600 bilhões na exploração de todas as reservas estimadas nas próximas três décadas. O banco UBS chegou a projetar que as jazidas têm potencial para a produção de 50 bilhões de barris de petróleo. Em meio século, a Petrobras investiu US$ 144,1 bilhões em todas as suas áreas de atuação.

Em um relatório mais antigo, de maio de 2009, o Bradesco classificou a Lupatech como um veículo diferenciado para apostar no pré-sal. Mas investir na companhia significa acreditar em um vigoroso crescimento futuro. Após a oferta pública inicial realizada em 2006, a empresa apresentou um aumento nas vendas de 77,5% por ano em 2007 e 2008 e expansão de Ebitda de 90% por ano no mesmo período. “O combustível para esse avanço foi fornecido pela Petrobras, cuja produção se elevou 8% ao ano de 1995 a 2008 e tem previsão de crescimento anual de 7,5% até 2020, além do significativo potencial de valorização associado ao desenvolvimento da camada pré-sal”, afirma o relatório.

No resultado do segundo trimestre, a área de petróleo e gás respondeu por 76,3% da receita líquida consolidada da Lupatech. Desde sua abertura de capital, a companhia partiu para um forte processo de aquisição, comprando mais de 15 empresas. Hoje somam-se 21 unidades industriais e mais de três mil funcionários. Antes do lançamento na bolsa, eram cinco fábricas e mil empregados. No período, o faturamento bruto passou de R$ 200,7 milhões para R$ 777,4 milhões, dos quais 20% vieram das exportações. O cardápio de negócios inclui ainda válvulas industriais, que representam 21% da receita líquida, e fundidos de precisão para diversos setores, incluindo o automotivo, que respondem pelos 9% restantes.

, À mercê do pré-sal, Capital Aberto


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