À espera do ouro negro
A um mês de furar seu primeiro poço, OGX exibe valorização superior a 75% para suas ações

Do bate-papo entre Eike Batista e Rodolfo Landim, durante um voo de Nova York para Londres — em meados de 2007, quando surgiu o seu embrião —, até a abertura de capital, em junho de 2008, a OGX nunca precisou de ajustes para caber num modelito superlativo. Tudo em torno dela sempre soou grande. E, até aqui, foi. A maior empresa privada de petróleo nacional já chegou à bolsa batendo o recorde, na época, de ser o maior IPO da história brasileira. Sem produzir uma gotinha de óleo sequer, a companhia captou R$ 6,7 bilhões. Era apenas, e somente, uma promessa.

Agora, a um mês de finalmente perfurar o seu primeiro poço, a companhia atiça mais uma vez a expectativa curiosa — e, na maioria dos casos, otimista — do mercado financeiro. Em junho, o papel fez as vezes de uma “blue chip” veterana: valorizou-se 10,4% e bateu em R$ 1.130,00, voltando praticamente ao mesmo preço da oferta pública, não fosse a diferença de um modesto real. No IPO, o preço foi de R$ 1.131,00.

Tanto para quem tem o papel em carteira, quanto para um espectador qualquer, o futuro da OGX chama a atenção. Em meados deste mês, a companhia iniciará a perfuração no bloco BM-S-29, localizado na rica Bacia de Santos. É improvável — aliás, impossível — que jorre petróleo desse poço imediatamente. Até porque deve levar de dois a dois meses e meio para que seja, efetivamente, perfurado. A produção, em si, pode demorar mais um ou dois anos, o que é comum no setor.

Então, por que há tanta expectativa em torno do início do processo de perfuração? O apelo, em se tratando de OGX, é mais emblemático do que um gerador instantâneo de resultado. Afinal, a companhia captou um bolo considerável de dinheiro de acionistas e investiu milhões e milhões para comprar blocos exploratórios ainda sem produção. Hoje, tem um portfólio com 22 deles, sendo cinco na Bacia Pará-Maranhão, cinco na Bacia do Espírito Santo, sete na Bacia de Campos, e cinco na Bacia de Santos.

Ao iniciar a perfuração no BM-S-29, que ficará a cargo da sonda Ocean Quest, da Diamond, a OGX cruza o sinal verde para colocar em prática o seu cronograma de trabalho. Está prevista a perfuração de seis poços ainda este ano, e a meta é chegar a 51 até 2013. Vale lembrar que o resultado dessa primeira safra de perfurações é o que vai dar a dimensão do potencial da empresa. “O segundo semestre vai ser muito importante para a companhia”, enfatiza, não sem esconder o entusiasmo, Marcelo Torres, diretor financeiro da OGX.

A própria OGX aumentou a sua aposta, igualmente no escuro, no BM-S-29. Em maio, comprou, com a anuência da Agência Nacional do Petróleo (ANP), mais 15% de participação nos direitos de exploração desse bloco. Ao levar esse naco, que pertencia à Maersk Oil do Brasil, passou a deter 65% dos direitos sobre o BM-S-29. “A aquisição adicional mostra que a companhia está vendo valor nesse negócio, e o mercado entende isso”, observa Torres.

A confiança depositada pela OGX em si mesma está alinhada com a filosofia ambiciosa do grupo, encabeçado pelo empresário Eike Batista. No mercado de ações, a invejável alta dos papéis da OGX provocou toda a sorte de comentários. Para alguns, há uma euforia desmedida — e mal calculada — do real valor das ações da companhia. E, novamente aqui, a crítica recai sobre o fato de a OGX ainda não gerar receita operacional e, tampouco, comprovar a eficácia de seus poços. Como ainda está em fase pré-operacional, a empresa ganha dinheiro com aplicações financeiras, tal como um conservador e bem comportado fundo de renda fixa. No primeiro trimestre, registrou lucro líquido de R$ 147,6 milhões, justamente em decorrência da receita financeira de R$ 243,5 milhões. “Essa estratégia tem trazido retornos sólidos e nos permitido proteger os recursos necessários para financiar toda a campanha exploratória e a produção inicial”, diz Torres. Também pesa a oscilação do preço do petróleo. Quando estreou na bolsa, as cotações internacionais rondavam US$ 140 o barril. Hoje, estão em US$ 70.

Mas, a despeito das críticas, essa estreante tem a seu favor um exuberante caixa, recheado com R$ 7,8 bilhões, segundo balanço do último trimestre. Os recursos, segundo o diretor financeiro, são suficientes para que a companhia consiga “fazer frente a todos os compromissos, no horizonte de quatro a cinco anos”. “Protegemos a nossa posição de caixa”, diz o executivo. Embora ele garanta a capacidade da empresa de cumprir com o que prometeu — algo que, sejamos justos, vem fazendo até agora, ao seguir à risca os prazos estabelecidos no prospecto —, ainda é difícil mensurar, com precisão cirúrgica, quais serão os custos operacionais do seu conjunto de projetos.

A seu favor, a OGX se vangloria de ser uma companhia formada por um time de primeira linha, composta de executivos e técnicos egressos da Petrobras. “Estávamos, até agora, num processo de criação de valor. Quando se comprovarem as reservas, concretizaremos nosso potencial e nossa capacidade”, afirma Torres. Ele acrescenta que o início das negociações de Global Depositary Receipts (GDR, recibos de ações) no mercado de balcão norte-americano, em maio, ajudou a aumentar a atratividade dos papéis aos olhos dos investidores internacionais.

, À espera do ouro negro, Capital Aberto


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