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Por que implementar práticas ESG nos negócios
Pandemia e desastres ambientais acendem alerta sobre necessidade de incorporar riscos socioambientais à estratégia de investidores e empresas
Por que implementar práticas ESG nos negócios

No cenário atual, a incorporação de fatores ESG à estratégia empresarial são importante fator de competitividade e perenidade para os negócios. Imagem: Freepik

No início de setembro, o Banco Central (BC) incluiu em sua agenda institucional BC# uma série de ações socioambientais. A medida estabeleceu pontos importantes, como a incorporação de riscos climáticos aos testes de estresse do BC, novas exigências regulatórias para bancos e outras instituições financeiras a partir de 2022 e a criação de uma linha financeira de liquidez sustentável. A instituição também adotou recomendações feitas pela Força-tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas às Mudanças Climáticas (TCFD, na sigla em inglês). 

Iniciativas como a do BC surgem em meio à crescente preocupação com o meio ambiente. As queimadas incessantes na Amazônia e no Pantanal, que reduziram drasticamente esses biomas em semanas, acenderam o sinal vermelho. “Grandes organizações e empresas enviaram ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, uma carta cobrando ações concretas de combate ao desmatamento no País”, afirma Diogo Negrão, gerente de relações com investidores do CDP Latin America. “A carta colocava a precificação de carbono, o desmatamento na Amazônia e as estratégias de integração do uso racional de recursos naturais como pontos cruciais a serem discutidos.”

Pauta socioambiental ganha prioridade entre empresas e investidores

Historicamente defendidas por ativistas e cientistas, as pautas socioambientais se tornaram prioritárias também para investidores e empresários. CEO da BlackRock, uma das principais gestoras de recursos do mundo, Larry Fink divulgou uma carta anunciando que o ESG (sigla em inglês para fatores ambientais, sociais e de governança) seria assunto central na avaliação de empresas e investimentos a partir de agora. No Brasil, Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco, afirmou que o tema precisa ser considerado por todas as áreas de negócio das companhias.

E não há dúvidas que as consequências nefastas provocadas pela pandemia do novo coronavírus aceleraram essa percepção. Segundo Luzia Hirata, analista do Santander Asset Management, o momento atípico que vivemos possibilita a captação de dados que não seriam obtidos em um cenário normal. “Agora, além da análise sobre a gestão da empresa, podemos ver na prática como ela se comporta em relação aos aspectos sociais, como está se preparando para as mudanças climáticas e como pretende responder a esse risco”, comenta.

Hirata observa que a governança costuma permear as companhias de forma geral, enquanto as pautas ambientais e sociais são tratadas com maior ou menor rigor dependendo do setor. “A preocupação social é um dos aspectos mais difíceis de avaliarmos”, afirma. De acordo com ela, não há resposta certa a essas questões, mas é essencial que as empresas se posicionem e avaliem o quão bem estão preparadas para lidar com os riscos socioambientais. “Não estamos mais falando de um risco potencial e de longo prazo, mas sim de um risco real e com uma frequência cada vez maior”, alerta.

Mudanças climáticas e coronavírus ampliam discussão sobre ESG

Denise Pavarina, vice-presidente da TCFD, observa que o contexto atual é completamente diferente do experenciado três anos atrás, quando a Força-tarefa foi criada. “As empresas tinham dificuldade em entender a importância do tema socioambiental e do seu risco sistêmico. À época, ouvi algumas dizendo que não queriam falar com os ‘eco-chatos’, pois precisavam trabalhar e dar resultados.” Hoje, a demanda de companhias e gestores de recursos por informações sobre assunto é cada vez maior.

A EDP, empresa global do setor de energia, já tinha uma agenda focada em ações ESG, que englobava, por exemplo, a descarbonização de sua produção e de seu consumo, mas com a pandemia de covid-19 e a latente discussão sobre meio ambiente, o assunto ganhou ainda mais força. De acordo com Dominic Schmal, gerente de sustentabilidade e mudança de clima da EDP, um comitê de crise foi criado e a pauta, ampliada. “As companhias precisam ouvir mais a ciência e assumir compromissos ambientais e sociais. O respeito pelos limites ecológicos é necessário para preservarmos não só a perenidade de nossos negócios, mas também a vida na Terra.” 

O processo de compreensão e incorporação das pautas ESG pelas empresas deve ser gradual. Pavarina explica que mudanças abruptas poderiam inviabilizar os negócios de algumas companhias. “É um caminho longo, que acontecerá em etapas. A cobrança vem de investidores, bancos e seguradoras, que vão fazer com que a adoção dos aspectos ESG permeie toda a cadeia de fornecedores e clientes.”

ESG ainda enfrenta entraves

Embora os gestores de recursos estejam mais atentos à responsabilidade socioambiental, o universo de companhias com ações em bolsa alinhadas aos princípios ESG ainda é limitado. “Por isso é muito importante que bancos e investidores financiem e cobrem das empresas atitudes mais sustentáveis”, afirma Hirata. O momento é propício. “Os investidores estão buscando mais opções no mercado acionário. E hoje temos diversos estudos e ferramentas específicas que nos ajudam a olhar o portfólio com uma visão de mais longo prazo e alinhada às metas científicas”, ressalta. 

Não faltam, portanto, maneiras para os investidores separarem o joio do trigo. “Ainda vemos grandes empresas agrícolas que não incorporaram o ESG em suas pautas e estão alinhadas à flexibilização do desmatamento”, lamenta Negrão. Mas essa postura, ressalva, não é unânime no setor do agronegócio: a Marfrig, por exemplo, divulgou recentemente um plano de combate ao desmatamento em todas as cadeias do seu negócio. “Eu acredito que isso é reflexo da pressão dos investidores e da sociedade, sim, mas também de um amadurecimento da questão dentro da organização”, conclui.


 

5 razões para as companhias adotarem critérios ESG em seus negócios

  1. Importantes investidores nacionais e estrangeiros estão comprometidos com a avaliação de fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) na hora de fazer investimentos;
  2. Mensurar o risco socioambiental no curto e longo prazo e implementar medidas para mitigá-lo ajuda a garantir a perenidade das empresas;
  3. Ferramentas como a precificação de carbono — implementadas pela autorregulação ou por meio de mecanismos governamentais — são fator de competitividade no mercado mundial;
  4. Medidas como as adotadas pelo Banco Central em sua agenda de sustentabilidade são uma tendência.
  5. O respeito aos critérios ESG prepara as companhias para possíveis exigências de órgãos reguladores.

 


 


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