Alexandre Póvoa*/ Ilustração: Julia Padula
O comportamento altista das ações da Petrobras foi o grande destaque da última semana do mês de outubro na Bovespa. Mais até do que a derrocada dos papéis da OGX e o pedido de recuperação judicial mais antecipado da história.
Se na OGX o futuro parece cada vez mais sombrio, no caso da Petrobras, apesar da luz no fim do túnel, há muito mais perguntas do que respostas. A empresa, após um resultado péssimo no terceiro trimestre, com grande destruição de caixa oriunda do segmento de importações, anunciou que votará, na reunião do conselho de administração do próximo dia 22, a proposta de uma nova política de preços. Pelo que tem sido veiculado, trata-se de uma equiparação do preço praticado internamente com as cotações dos derivados negociados no mercado internacional (sistema bem semelhante ao adotado na época do governo Fernando Henrique Cardoso), o que seria altamente positivo para a companhia. Mesmo que a sistemática represente uma correção apenas parcial e defasada no tempo, já seria uma ótima novidade para o caixa da Petrobras.
Essa notícia soa como música no ouvido dos investidores. Será que finalmente a empresa voltará a ter seus fundamentos regidos pelas leis de mercado? Será que as ações de Petrobras voltarão a ter correlação óbvia positiva com o preço do petróleo, como qualquer empresa normal do ramo?
O grande xis (sem trocadilhos) da questão é o seguinte: como pode ser crível que o controlador majoritário, o governo, que nos últimos anos segurou os preços da Petrobras como estratégia clara de não pressionar ainda mais a inflação — já que o BC só recentemente parece ter reassumido o seu papel de guardião da moeda —, possa, de uma hora para outra, aceitar uma quase indexação do preço dos combustíveis?
O mercado fez uma enorme festa, as ações subiram muito, mas eu teria cautela. Ninguém duvida das potencialidades da Petrobras, mas também não é prudente acreditar em mudanças comportamentais tão radicais em espaço de tempo tão curto. Essa atitude repentina pró-empresa, diametralmente oposta àquela tomada nos últimos tempos, apesar de todas as justificativas técnicas, merece uma posição de São Tomé: ver para crer!
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