Apenas quatro dos CEOs das 500 maiores empresas dos Estados Unidos listadas pela revista Fortune são negros. A clara falta de representatividade evidencia a demora do mundo corporativo em incorporar os princípios de equidade racial.
Mas o assassinato de George Floyd por um policial branco em Mineapolis e os intensos e prolongados protestos que se seguiram ao episódio não permitiram que altos executivos de companhias americanas permanecessem em silêncio. Na última semana, muitos se manifestaram publicamente para condenar o racismo.
“A morte de George Floyd é uma prova chocante e trágica de que devemos almejar muito mais do que um futuro ‘normal’ e construir um que atenda aos mais altos ideais de igualdade e justiça”, afirmou o CEO da Apple, Tim Cook, em carta aberta.
Mark Zuckerberg (Facebook), Jamie Dimon (J.P. Morgan) e Bob Swan (Intel) também se pronunciaram contra a violência policial que tirou a vida de Floyd. Para Rosabeth Moss Kanter, professora da Harvard Business School, é natural que grandes executivos defendam mudanças em direção à equidade racial porque ela atinge diretamente seus negócios.
“Sabemos que alguns problemas, como o encarceramento desproporcional de homens negros ou a falta de financiamento para a educação pública, exigem ação do governo. Mas os líderes empresariais podem formar um poderoso lobby para auxiliar nessa mudança”, escreveu em sua coluna na CNN Business.
Ação concreta
A filantropia tem sido o principal canal de atuação concreta das grandes empresas frente à revolta popular. Na sexta-feira 29 de maio, o YouTube anunciou uma doação de 1 milhão de dólares para uma ONG de promoção de equidade.
Dois dias depois Zuckerberg afirmou que Facebook vai doar 10 milhões de dólares para a causa. No dia 3 de junho foi a vez da Disney, que informou a doação de 5 milhões de dólares para ONGs dedicadas à defesa de justiça social.
A maior doação até o momento foi comunicada pelo Bank of America: 1 bilhão de dólares, montante a ser gasto durante os próximos quatro anos, para diminuir a desigualdade racial nos Estados Unidos, que ficou ainda mais evidente com a pandemia de covid-19.
A benevolência com as contribuições financeiras, no entanto, não deve ser suficiente para barrar questionamentos, como o que cobra das grandes companhias a efetiva inclusão da agenda da diversidade racial em seus negócios e investimentos. O conglomerado japonês Softbank fez uma espécie de mea culpa ao admitir não ter feito o suficiente para mitigar os impactos do racismo.
“No que diz respeito à diversidade, o SoftBank tem que se sair melhor como empregador, investidor e parceiro”, diz o diretor de operações da empresa, Marcelo Claure, em carta enviada aos seus funcionários no dia 3 de junho.
Como primeiro passo na direção da agenda antirracista, o Softbank anunciou o lançamento de um fundo de 100 milhões de dólares para investimento em empresas lideradas por negros e não brancos americanos.
O fundo investirá em empresas que usam a tecnologia para gerar soluções inovadoras e doará uma parte dos recursos captados a organizações dedicadas à criação de “oportunidades para pessoas não brancas”.
A carta do grupo nipônico também comunica a criação de um programa de diversidade e inclusão para corrigir falhas na contratação de grupos sub-representados, especialmente para posições de liderança e diretoria.
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