As áreas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) já não são mais as únicas geradoras de inovação dentro das companhias. Para se manterem competitivas, diversas empresas têm montado programas para capacitar e, em alguns casos, investir em startups, à semelhança do que já ocorre em outros países. “É curioso quando você vai a Israel e percebe que todas as empresas estão fazendo essa conexão com as startups”, diz Rodrigo Menezes, sócio do Derraik & Menezes Advogados. No Brasil, Bradesco, Braskem, Itaú e Porto Seguro são exemplos de entusiastas desse modelo. A concentração da iniciativa no setor financeiro não é mera coincidência. “Os bancos perderam de 15% a 30% de mercado em outros lugares do mundo em razão da expansão dos meios digitais”, relata Fernando Freitas, gerente do departamento de inovação do Bradesco.
O banco fundado por Amador Aguiar nos anos 1940 lançou, em 2014, o inovaBRA, programa que apoia startups com potencial para gerar soluções inovadoras para diversas áreas de negócio do Bradesco — como meios de pagamento, canais digitais e seguros. Em sua primeira edição, o inovaBRA selecionou dez empresas e o objetivo agora é pinçar mais dez. Se forem bem-sucedidas em seus projetos, essas startups não só poderão vender produtos ou serviços para o banco, como também receber um investimento do Bradesco. “Não adianta estruturar algo que só vai dar resultado em três anos. Quando o inovaBRA foi montado, pensamos num modelo que mostrasse rapidamente as vantagens de se investir em startup”, destaca Freitas.
O foco nos resultados também é uma preocupação da Oxigênio, aceleradora criada pela Porto Seguro e que já aportou recursos em 12 startups. As empresas selecionadas recebem investimento direto de US$ 50 mil e são aceleradas por três meses no centro de inovação da Oxigênio, em São Paulo. Depois disso, os empreendedores vão para o Vale do Silício, nos Estados Unidos, em uma segunda etapa de aceleração, por até três meses. “Priorizarmos as startups com maior potencial de retorno? Sim, mas não é o único objetivo. Queremos empresas que de alguma forma se encaixem com nossos produtos e desenvolvam ideias com que ninguém esteja trabalhando ainda”, explica Ítalo Flammia, diretor da Oxigênio. A escolha de empresas de fato inovadoras, e não simplesmente daquelas capazes de corrigir alguma fraqueza da organização, é fundamental, afirma. “Isso seria uma perda de potencial, pois as grandes corporações já possuem recursos para resolver problemas de outras formas”, avalia.
As empresas interessadas em apoiar startups também precisam avaliar com cuidado se o investimento nesse modelo de inovação vale a pena. “Se ele não trouxer resultados, seja por aumento de receita, redução de custos ou reforço do motivo de a empresa existir, esquece”, completa Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo e inovação do Insper. Em sua visão, muitas companhias estão se aproximando das startups por modismo. “Não é porque está na moda que a empresa deve entrar na onda. Ela precisa pensar em como atrelar essa iniciativa à estratégia de inovação e ao crescimento do negócio”, afirma.
Na Braskem, a criação do Braskem Labs tem objetivos muito claros: capacitar projetos que ofereçam soluções socioambientais envolvendo plástico e conceitos de química, descobrir novas tecnologias e incentivar o empreendedorismo no Brasil. Ao todo, 20 startups participam atualmente da iniciativa. “Hoje, mais do que nunca, os negócios precisam entregar algo além do econômico”, observa Luiz Gustavo Ortega, gerente de desenvolvimento sustentável da Braskem.
Essa visão acompanha os anseios das novas gerações. Além de buscarem se relacionar com empresas socialmente responsáveis, os jovens almejam trabalhar em organizações com espírito inovador. “Os profissionais que saem hoje das universidades não perguntam sobre salário e benefícios. Eles querem saber se a empresa oferece a oportunidade para o desenvolvimento de boas ideias”, diz Ricardo Esposto, gerente de prospecção e estratégia de P,D&I da Suzano.
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