Startups não são apenas empresas inovadoras de tecnologia. Todo empreendimento com capacidade de oferecer produtos ou serviços repetidamente sem aumento proporcional de custos operacionais, que seja escalável, atraia o interesse de um grande número de pessoas e tenha potencial de gerar lucro se enquadra como startup. Esse negócio pode, inclusive, já estar funcionando ou não. “O importante mesmo é o potencial que ele tem para crescer aceleradamente”, explica Fábio Póvoa, professor de Lean Startup & Empreendedorismo na Unicamp e co-fundador da Movile.
Independentemente do tipo, toda startup precisa de investimentos para sobreviver e prosperar. Esses aportes geralmente seguem ciclos que acompanham o crescimento do negócio. “Não há uma regra e nem todos os empreendimentos passam por todos os estágios. Do ponto de vista do capital de risco, entretanto, normalmente as startups buscam uma escada saudável de captação – captações de valores em rounds maiores, com valuation compatíveis, para sustentar o crescimento acelerado de um negócio com unit economics positivos.”, afirma Póvoa. Essa “escada” consiste em:
- Investimento anjo, feito exclusivamente por pessoas físicas com aportes que somam até um milhão de reais;
- Investimento semente (seed capital) feito por pessoa física ou por fundos de investimento com aportes de até cinco milhões de reais;
- Investimento institucional, quando o modelo de negócio, produto e mercado consumidor já estão definidos. Ele varia entre as séries A, B, C e D, em ordem crescente de capitalização, que atinge até 30 milhões de reais, promovidos exclusivamente por fundos de investimento;
- Empresa é vendida ou vira companhia recebendo investimentos de private equity acima de 30 milhões de reais;
- IPO, a empresa abre capital e vira uma companhia aberta.
Segundo Póvoa, o primeiro degrau de captação, embora envolva uma quantia menor de dinheiro, é o mais importante. “Sem ele, a startup morre. Além do capital, o investidor anjo agrega boas práticas de gestão e amadurecimento para o negócio e para o empreendedor”, ressalta. Esse investidor também pode indicar novos clientes, oferecer uma análise externa do produto, promover a marca e contribuir para a sua credibilidade. “Mas não é isso que determina o sucesso do negócio. A gasolina sozinha não leva ninguém para a Lua sem o foguete (produto) e uma ótima equipe de execução (empreendedores)”, alerta Póvoa.
Outro papel importante que o investidor anjo pode exercer é o de líder de rodadas de captação. Nesse caso, o líder realiza a análise, curadoria, validação e aposta na startup, sinalizando-as como bons negócios para potenciais co-investidores. Póvoa destaca que a esta figura do investidor líder deveria ser mais valorizada, “É mais fácil o empreendedor convencer um ótimo investidor líder, de referência, do que suar para contatar, negociar, se reunir e convencer outros 20, 30, cada um com seu timing. Assim como ocorre com clientes de referência, converta um primeiro que aposte e sinalize credibilidade, e te auxilie a buscar outros”.
Devido aos riscos atrelados ao investimento em startups, Póvoa recomenda que os interessados nesse segmento montem carteiras com até dez startups e invistam, em média, dez mil reais em cada uma. O objetivo dessa diversificação é que, em oito anos, pelo menos algumas dessas empresas gere um retorno dez vezes maior. Em grande parte dos casos, ao aportar recursos em startups, o investidor amarga prejuízo (quando a empresa quebra) ou recebe de volta o dinheiro aportado (quando a startup para de crescer e captar investimentos, mas ainda é lucrativa). Nos casos em que o empreendimento decola, os investidores podem alienar sua participação para investidores institucionais pelo valor de mercado atualizado do negócio ou, se a empresa abrir capital, vender sua fatia na bolsa de valores.
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