Controlador da Prumo reclama de laudo do Brasil Plural e alveja minoritários
Ilustração: Rodrigo Auada

Ilustração: Rodrigo Auada

Uma carta do grupo EIG, controlador da Prumo Logística, movimentou o mercado nos últimos dias. Os investidores já aguardavam a confirmação da companhia de que dará continuidade à oferta pública de aquisição de ações (OPA) para fechamento de seu capital. O que ninguém esperava era o arrojo do comunicado, com críticas ao Brasil Plural, banco contratado para avaliar o preço das ações, e recados aos minoritários, incluindo Itaú Unibanco e Mubadala, os dois maiores acionistas do capital em circulação.

O Brasil Plural concluiu que a faixa de valor econômico e justo das ações da Prumo varia entre R$ 9,98 e R$ 11,03. Pelo método do fluxo de caixa descontado, o banco chegou ao valor final de R$ 10,51. O preço é 57% superior aos R$ 6,69 que o EIG mostrou-se disposto a pagar ao anunciar a operação, em outubro passado. O descompasso gerou uma situação inusitada. Por considerar o valor alto demais, o EIG teceu duras críticas ao trabalho de avaliação — papel tradicionalmente desempenhado por minoritários, insatisfeitos com valores que consideram injustos e, portanto, benéficos apenas ao bolso do controlador.

“O laudo de avaliação não reflete a situação da companhia e adota determinadas premissas que carecem de fundamento”, disse o EIG no comunicado divulgado em 16 de janeiro. Para o controlador, o fluxo de caixa descontado “foi utilizado com base em uma capacidade subjetiva e altamente especulativa de projetar o crescimento da receita da companhia”, além de não ter levado em conta a visão da administração sobre os volumes futuros de petróleo bruto a ser transportado no Porto do Açu. “Sem expertise específica no setor de óleo e gás”, afirma o EIG, a visão do avaliador teria provocado um acréscimo de R$ 2 ao preço justo de cada ação.

Outros R$ 2 adicionais seriam resultado do otimismo do avaliador no segmento de locação de área do Porto do Açu. O EIG argumenta que o risco do negócio é comprovado pelo baixo crescimento nos últimos dois anos, decorrente, em parte, da crise econômica. “Não obstante a questão do risco, o Brasil Plural adotou taxa de desconto para esse segmento que demonstra que eles acreditam que seu o crescimento futuro é tão certo que o risco seria similar ao de depositar os recursos em um banco”, disse o controlador no fato relevante.

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Alvo minoritário
Além de criticar o Brasil Plural, o EIG mandou alguns recados aos seus sócios minoritários, em especial para os maiores: Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi e dono de 6,9% das ONs da Prumo; e Itaú Unibanco, detentor de 4,75% do capital. Na carta, o EIG se compromete a continuar a oferta pública pelos R$ 10,51 indicados pelo Brasil Plural, apesar de discordar do valor, se ambos aprovarem o cancelamento de registro da companhia e permanecerem como acionistas (sem alienar suas ações no leilão).

O controlador classifica os dois acionistas como investidores de longo prazo — a despeito do fato de suas participações serem decorrentes de dívidas do grupo EBX de Eike Batista, fundador da Prumo, e não da compra direta de participação. “Assim, de acordo com a filosofia da EIG, tais acionistas têm responsabilidade de contribuir financeiramente com a companhia.” O controlador afirma ter aportado R$ 2,3 bilhões nos aumentos de capital, cerca de 90% do total. “O EIG entende que não faz sentido pagar a um acionista como o Itaú, que não tem liquidez para sua participação no mercado, um valor que pressupõe um investimento futuro que tal acionista já demonstrou não estar disposto a fazer”, diz o EIG, referindo-se à estimativa do Brasil Plural de que a Prumo precisará de um capex de R$ 6 bilhões. Procurados, os dois acionistas não confirmaram se a atenderão as exigências.

Para finalizar, o EIG ainda mandou um recado aos demais minoritários. Avisou que só prosseguirá com a oferta, pagando os R$ 10,51 por ação sugeridos pelo Brasil Plural, se os acionistas não questionarem o preço. De acordo com a Lei das S.As., os detentores de pelo menos 10% do free float têm o direito de convocar uma assembleia especial dos acionistas titulares de ações em circulação para deliberar a contratação de um novo laudo. Os minoritários interpretaram a condição como uma forma de coagi-los. “Se isso não é ilegal é, ao menos, imoral”, afirma Roberto Lombardi, investidor que lidera o grupo de insatisfeitos com a transação.


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