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Companhias devem ter cuidado ao renegociar covenants
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Ilustração: Rodrigo Auada

A Usiminas conseguiu acordos importantes para alongar parte de sua dívida de R$ 8 bilhões e evitar um processo de recuperação judicial. Credores que representam 75% dessas obrigações concordaram com o pagamento dos débitos em um período de dez anos. A siderúrgica obteve ainda uma carência de três anos para começar a pagar o principal. A proposta foi aceita pelos bancos Bradesco, Banco do Brasil, Itaú Unibanco e BNDES e também por debenturistas da 6a emissão da companhia. Os acionistas da Usiminas devem fazer um aporte de US$ 1 bilhão para que o acordo seja validado.

Essa renegociação é apenas uma das várias repactuações que estão acontecendo este ano. Imersas em um cenário pouco propício à captação de novos recursos, diversas companhias brasileiras de capital aberto têm chamado seus credores para renegociar as dívidas que já possuem. É uma onda que começou a ganhar força no segundo semestre de 2015 e que tem arrastado empresas de diversos portes e setores. “Diferentemente da crise cambial, que aumentou a dívida em dólar das companhias entre 2008 e 2009, a atual deterioração da economia atingiu as empresas pelo lado dos fundamentos”, avalia John Anderson, sócio do White & Case LLP, escritório que, no momento, participa da renegociação de dívidas de empresas como OAS, Gol e Oi.

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Os objetos de barganha nas negociações são os covenants, cláusulas contratuais que estabelecem indicadores financeiros, geralmente de endividamento, que devem ser perseguidos pelas companhias. O não cumprimento dessas disposições implica o pagamento antecipado da dívida. Os covenants podem ser negociados bilateralmente, geralmente com bancos, ou no mercado de capitais, com debenturistas e detentores de bônus no exterior, os chamados bondholders. Esse último tipo de negociação é considerado mais complexo, já que é preciso convencer investidores com diferentes perfis e interesses a renegociar os termos de uma mesma dívida. Não é raro, entretanto, as companhias em busca de repactuação terem de lidar com os dois tipos de situação e negociar, simultaneamente, com bancos e detentores de títulos (como foi o caso da Usiminas).

O problema é que a renegociação dos covenants pode impor novas restrições às empresas endividadas. “De nada adianta a companhia se comprometer com novas cláusulas hoje e daqui a seis meses fazer uma nova renegociação por não ter conseguido cumprir com o acordado”, ressalta Henrique Filizzola, sócio do Stocche Forbes. Para ele, a crise atual representa um teste para os covenants e uma chance para se repensar essas cláusulas. Muitas delas estavam atreladas ao selo de grau de investimento do Brasil — uma vez que o País teve a nota de crédito cortada, algumas companhias tiveram a dívida automaticamente afetada. “Há alguns anos, quando as cláusulas foram firmadas, parecia improvável que o Brasil fosse perder esse selo”, observa Alexandre Castanheira, diretor-executivo do Morgan Stanley.

Castanheira assessora companhias em processo de negociação de dívidas e afirma que muitas delas ainda têm dificuldades para estabelecer um modelo de repactuação para apresentar aos credores. Uma falha comum, destaca, é não apresentarem um plano apropriado e consistente, que mostre a viabilidade do negócio da empresa e a capacidade de honrar a dívida. “Certa vez, levamos um mês inteiro para elaborar um modelo adequado para um de nossos clientes”, relata.

E a má notícia é que essa onda de repactuação não deve cessar tão cedo. “Temos modelado o pior cenário. Os anos de 2016 e 2017 devem ser ruins, com renegociações das renegociações”, diz Castanheira. A visão é compartilhada por Ricardo Mollo, sócio da Agrega Gestão e Consultoria. “Eu não estou otimista para 2017. Mas, apesar da situação de vulnerabilidade, as companhias devem ter o cuidado de não aceitar qualquer condição para repactuar sua dívida”, afirma.

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