Menos regulação, mais investimentos
Mauro Miranda

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Desde junho, Mauro Miranda acumula o comando da área de dívida do Banco ABN Amro com a presidência da CFA Society Brazil. A entidade é responsável pelo programa CFA (chartered financial analyst), a mais reconhecida das certificações de analistas de investimento. Os planos da entidade para o próximo biênio são muitos: vão da inauguração do primeiro escritório no País (na avenida Faria Lima, em São Paulo) à proposta de inclusão do Rio de Janeiro como local de provas, passando por um intenso trabalho de advocacy. Miranda defende a ideia de que o mercado de capitais brasileiro é tão regulado que inibe a inovação financeira e restringe o rol de produtos. “Preservar o interesse do investidor também é disponibilizar investimentos diferentes”, argumenta. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista de Miranda à SELETAS.

Excesso de regulação

“Queremos mais abertura de mercado, mais possibilidades de instrumentos financeiros. O segmento de finanças estruturadas mostra isso. No exterior, é possível montar CDOs [collateralized debt obligations]; no Brasil, isso é feito pela indústria de fundos, por meio dos FIDCs. O mesmo acontece com as compras de participações, aqui feitas pelos FIPs. Ou seja, muito da flexibilidade que vemos lá fora não pode ser replicada aqui por causa da regulação. Temos que rebolar para criar produtos que atendam à demanda dos investidores e fiquem de pé do ponto de vista normativo. A regulação no Brasil precisa proteger os interesses, mas com flexibilidade e opções de investimentos. Enquanto não revermos certos conceitos, não teremos um mercado desenvolvido e não despertaremos o interesse dos investidores que, de fato, podem viabilizar nossas grandes necessidades de financiamento”.

Incentivos duvidosos

“Temos incentivos fiscais que distorcem o mercado. As debêntures incentivadas são um exemplo. O benefício foi concedido ao investidor pessoa física, mas não é do bolso desse grupo que virá a enorme quantidade de dinheiro de que precisamos para financiar a infraestrutura”.

Expansão do CFA

“Estamos fazendo uma campanha de marketing para divulgar o CFA. Mandei até colocar dois outdoors na Cidade de Deus [bairro da cidade de Osasco, na grande São Paulo], em frente ao Bradesco. O objetivo é falarmos mais sobre a certificação. Tanto para os que vão se tornar analistas quanto para os empregadores. Como podemos melhorar o mercado se não somos uma entidade de classe? Colocando mais profissionais certificados no mercado. A meta é, ao fim de 2017, termos mil associados à CFA Society Brazil. Hoje, são cerca de 800 profissionais certificados. É mais do que o CFA tem em toda a América Latina, mas não passa perto do Canadá, que, com um PIB parecido com o nosso, tem 13 mil”.

Ética

“O CFA não é só uma prova de finanças. A nossa principal bandeira é a ética, junto com a qualificação profissional. Por isso, 15% da prova do nível 1 [são três níveis no total] correspondem a ética. Abordamos questões específicas das atividades de finanças e que acontecem no dia a dia, como o soft dollar [situação na qual uma corretora oferece benefícios a uma gestora de recursos em troca de seu fluxo de ordens]. Isso pode acontecer? Sim, mas é preciso colocar o investidor em primeiro lugar. As respostas às perguntas da prova não são óbvias, tanto que a taxa de aprovação nessa etapa é de 43%. De cada 100 inscritos no programa, apenas 17 conseguem a certificação [além de aprovação nos níveis 2 e 3, o CFA exige a comprovação de quatro anos de experiência profissional e adesão ao código de conduta da entidade]”.

Diversidade

“Temos um percentual muito baixo de analistas mulheres certificadas. No Brasil, são apenas 9%. Por isso estamos empreendendo esforços para atraí-las por meio do women in investment management, uma iniciativa que concede bolsas de estudo para o público feminino. Também concedemos bolsas de estudos para profissionais que atuam em órgãos reguladores (já temos convênio com a CVM e o Banco Central será o próximo) e para alunos de universidades que incorporam o nosso programa à grade curricular”.


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