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“Anomalia do baixo risco é um fenômeno global”
Ted Noon
Ted Noon*

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Um dos mantras do mercado financeiro prega que risco e retorno são grandezas diretamente proporcionais. Quanto maior um, maior deve ser o outro. Os executivos da gestora americana Acadian, entretanto, pensam de maneira diferente. Para eles, uma carteira de ações mais arriscadas não necessariamente significa retornos mais altos. “Há décadas portfólios constituídos por ações de alto risco se saem pior do que carteiras de risco mais baixo”, diz Ted Noon, vice-presidente sênior da Acadian. Ele esteve no Brasil nesta semana para falar da chamada “anomalia do baixo risco”, em conferência promovida pela CFA Society Brazil. Confira abaixo os principais trechos da entrevista que ele concedeu à SELETAS.

Anomalia de baixo risco

“As finanças tradicionais se baseiam na ideia de que o risco sistemático é recompensado com retornos médios mais altos. Isso parece intuitivo e racional. As ações são mais arriscadas que os títulos de renda fixa e geralmente oferecem aos investidores rentabilidade mais elevada, supostamente para compensar o risco extra. No entanto, quando a comparação se restringe ao universo de ações, essa relação entre risco e retorno não se sustenta. Há décadas portfólios constituídos por ações de alto risco se saem pior do que carteiras de risco mais baixo. Às vezes isso é chamado de risco de precificação errada, mas os acadêmicos costumam se referir ao fenômeno como anomalia do baixo risco.”

Finanças comportamentais

“Acredito que a anomalia do baixo risco emerge de uma série de vieses comportamentais. Tome-se como exemplo a tendência das pessoas de pagar caro por ações que dão retorno do tipo ‘bilhete de loteria’ [elevados, mas raros], o que pode resultar na superavaliação dos papéis mais arriscados. Basta olhar para trás, para a bolha das pontocom, no fim da década de 1990, para relembrar como avaliações selvagens das companhias mais arriscadas eram defendidas por investidores confiantes demais. Características estrutu-rais do mercado, como restrições às vendas a descoberto e a prevalência da prática de benchmarking, contribuem para a precificação errada.”

Fenômeno global

“A anomalia do baixo risco ocorre globalmente: nos Estados Unidos, na Europa, no Japão, nos mercados emergentes e até no Brasil. O fato é que muitos gestores parecem dispostos a pagar caro demais por ações arriscadas, mas isso reflete não apenas seu excesso de confiança, como também os incentivos para que o façam. A prática dos investidores de avaliar os gestores em relação a um benchmark é um desincentivo para que eles invistam em estratégias de baixo risco.”

Volatilidade controlada

“A maioria das estratégias ativas de investimento em ações se concentra na pesquisa de papéis que tenham um risco, digamos, médio, e que embutam uma expectativa de produção de retornos acima da média. Os chamados investimentos em valor, por exemplo, estão nessa categoria. Já as estratégias de volatilidade controlada são um pouco distintas. Elas pretendem entregar aos investidores retornos de mercado por um risco substancialmente menor que o risco de mercado.”

Público-investidor

“Nossa base de investidores nessa estratégia é muito variada, mas eles têm um objetivo consistente, que é o de melhorar seus retornos ajustados pelo risco. Atualmente, muitos fundos de pensão, family offices, endowments e fundações investem conosco. Muitos estão interessados em proteger seu capital em mercados com performance ruim, já que por aplicar recursos em uma cesta de ativos menos arriscada, a estratégia de volatilidade controlada reduz as chances de perda do investidor quando a bolsa vai mal, como aconteceu em 2008. Por outro lado, essa estratégia não tira o melhor proveito de recuperações mais fortes, como a ocorrida em 2009.”


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