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Uma história real
Os bastidores e personagens do maior caso de falência da história
Conspiracy of Fools: A True Story Kurt Eichenwald Editora: Portfolio 784 páginas 1ª edição, 2005

Conspiracy of Fools:
A True Story
Kurt Eichenwald
Editora: Portfolio
784 páginas
1ª edição, 2005

Nada como aprender com a história. Neste momento sombrio, em que escândalos seguidos assolam a gigante brasileira do setor de petróleo, é saudável revisitar um caso muito conhecido e estudado — e então, quem sabe, levarmos alguma lição para o futuro. O enredo se passa em Houston, mas a trama poderia ter saído diretamente da série dramática Dallas, da década de 1980 (sim, leitor, acabo de revelar minha idade).

Em outubro de 2001, a Enron valia mais de US$ 100 bilhões e era a queridinha dos mercados de capitais e da mídia (a revista Fortune havia concedido à empresa o título de campeã de inovação seis vezes seguidas!). Dois meses depois, a companhia entrou com pedido de falência, no maior escândalo corporativo da história norte-americana. No livro Conspiracy of Fools: A True Story, o aclamado repórter do New York Times Kurt Eichenwald conta a história da derrocada como se fosse uma trama de cinema. Ele reconstituiu os acontecimentos com base em entrevistas e consultas a processos judiciais e várias outras fontes. O resultado é um retrato bastante convincente do comportamento corporativo da época, dominado por agressividade, egocentrismo exacerbado e ganância sem limite.

Os personagens principais dessa história foram Kenneth Lay (presidente do conselho), Jeffey Skilling (CEO) e Andrew Fastow (CFO), este último considerado o arquiteto da fraude contábil e do desvio de US$ 100 milhões. Ao todo, cerca de cem personagens (pessoas e corporações) desfilam pelo livro; desse total, por volta de 30 foram formalmente processados, entre eles a finada empresa de auditoria Arthur Andersen, a própria Enron e bancos de investimento.

Fastow criou holdings de investimentos paralelas à Enron e convenceu os auditores de que elas eram independentes e, por isso, não deveriam ser consolidadas no balanço. A partir daí, dedicou-se a uma série de operações de venda de ativos da Enron para essas holdings, a supostos preços de mercado. Criou, assim, um processo para retirar itens problemáticos do balanço, eliminando também a dívida tomada para a compra dos ativos. Para incrementar ainda mais esse coquetel explosivo, as empresas paralelas se envolveram em uma série de operações de hedge que usavam como garantia a própria ação da Enron.

As perdas dessas holdings começaram a se acumular e a formar uma bola de neve, que acabou se espatifando sobre a própria Enron. Apesar das maquinações de Fastow para manipular resultados (com a conivência de seus chefes, que simplesmente ignoravam os sinais conflitantes), a raiz dos problemas não estava na contabilidade criativa. O elemento principal foi uma série de decisões desastradas de diversificação de negócios que levaram a Enron a perder dinheiro em múltiplas frentes, como na Índia, na Inglaterra e até no Brasil (aquisição da Elektro no processo de privatização). No fim das contas, o retorno sobre os investimentos era tão ruim que não sobrava dinheiro para pagar pelos empréstimos, muito menos para garantir um retorno decente sobre o capital próprio.

A queda da Enron precipitou uma caçada do órgão regulador do mercado americano (SEC) a outras empresas que adotavam a contabilidade criativa, ação que derrubou gigantes como WorldCom, Tyco e Global Crossing. Dizia Abraham Lincoln que “você pode enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas você não pode enganar todas as pessoas o tempo todo”. A nossa triste realidade nacional recente é prova disso. Pelo menos no caso americano, os personagens foram parar na cadeia.


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