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Fundos de investimento no divã
Idealizador da maior carteira indexada do mundo analisa o cenário atual

, Fundos de investimento no divã, Capital Aberto
A teoria do agente, publicada em 1976 por William Meckling e Michael Jensen, constitui a semente do arcabouço que hoje conhecemos pelo nome de governança corporativa. De forma simplificada, ela postula que um agente contratado para tomar decisões sempre colocará sua vontade à frente do interesse do contratante. O dono de uma empresa sofre o ônus e o bônus de suas decisões; ao delegá-las a um executivo contratado, precisa levar em conta esse conflito de interesses. Embora a teoria do agente seja um conceito central na formulação de boas práticas de governança, a indústria de fundos de investimento, cada vez mais impregnada por conflitos de interesses, tem práticas relativamente frágeis. É o que alerta John Bogle, em The clash of the cultures.
Na década de 1950, Bogle argumentou que a seleção de ações “vencedoras” para obter retornos superiores de forma consistente era um esforço inútil, devido à natureza humana e ao efeito da reversão dos retornos à média do mercado. Ele percebeu que faria mais sentido para o investidor focar-se nas questões sob seu controle (taxa de administração e custos oriundos da compra e venda de ações) do que na escolha de ações individuais.
Baseado em números de domínio público, sugeriu a criação de fundos que replicassem o índice médio de mercado, com baixa taxa de administração e custos reduzidos de transação, privilegiando “a magia dos retornos compostos em detrimento da tirania dos custos compostos”. Apesar da sólida argumentação, apenas em 1974 a semente começou a frutificar, com a criação do Vanguard. Hoje o maior fundo indexado do mundo, ele possui mais de US$ 200 bilhões em ativos.
A despeito do sucesso alcançado pelo Vanguard Group — um conjunto de fundos mútuos cujos donos são os investidores, o que minimiza os custos — Bogle se diz escandalizado com a cultura prevalecente na indústria de fundos atual. Paulatinamente, desde a década de 1990, a cultura prudente e produtiva de investimento de longo prazo tem sido deslocada pela cultura agressiva e destrutiva da especulação de curto prazo.
No passado, as gestoras de recursos eram independentes e geridas pelos sócios, que investiam em seus próprios fundos. Hoje, a indústria de administração de recursos é dominada pelos grandes conglomerados financeiros, que têm por fim criar valor para os acionistas, não necessariamente para os cotistas de seus fundos. O que se vê são estratégias de negócio orientadas para o aumento dos ativos sob gestão, em vez de estratégias que busquem retornos superiores, consistentes e de longo prazo.
O livro trata ainda, secundariamente, de assuntos como a carreira do autor à frente do Wellington Fund e os problemas do sistema previdenciário americano. Outros destaques são o capítulo que apresenta um processo para avaliação de fundos de investimento (Bogle cria o conceito de stewardship quotient, ou “quociente de gestão”) e a parte final, com um checklist para investidores individuais.
As ideias do autor, postas em prática no Vanguard Group, lhe valeram muitos admiradores, mas também detratores vociferantes. Independentemente do lado em que se encontrem, ambos os grupos são unânimes em demonstrar grande respeito por sua integridade intelectual. Parafraseando Charlie Munger, o grande amigo e sócio de Warren Buffett, “Dize-me os motivos de um indivíduo que te direi o resultado”. Bogle nunca foi ambíguo com relação a seus motivos, e sua honestidade intelectual deve influenciar gestores de fundos por muitas gerações.


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