Ilustração: Rodrigo Auada

Os fundos dedicados a investimentos em boas pagadoras de dividendos vêm aumentando de tamanho. E não é difícil entender a razão. Enquanto as taxas de juros diminuíram o retorno de títulos públicos, o ganho obtido pelos acionistas com o recebimento de dividendos se manteve estável nos últimos anos, o que acabou atraindo investidores da renda fixa para o mercado de ações.

A migração, apontada pelo Wall Street Journal em reportagem do fim de agosto, mudou o perfil de acionistas de muitas companhias listadas nos Estados Unidos e, como consequência, pode alterar a maneira como conselheiros e investidores ativistas tomam suas decisões, alerta o advogado Leonard Chazen, do escritório de advocacia Convington & Burling.

O investidor que busca retorno com dividendos tem características peculiares. Ele não se assemelha aos institucionais, que olham os resultados de longo prazo, mas também não se alinha com aqueles que almejam retornos imediatos. Além disso, para os “amantes” de dividendos, a sustentabilidade das estratégias da companhia é essencial, mas crescer por meio de reinvestimento de lucros nem tanto — já que o mais importante é aumentar a quantidade de dinheiro que vai para o bolso dos sócios.

De acordo com Chazen, é muito provável que, nas assembleias de 2017, acionistas sedentos por dividendos se organizem politicamente para defender os próprios interesses. Conselheiros e ativistas precisam, portanto, ficar atentos a esse grupo: ele pode mudar o perfil da administração, votando em conselheiros que tentem maximizar a distribuição de lucros em vez de investimentos ou programas de recompra de ações, por exemplo.