Começamos o ano com a mais dolorosa previsão dos últimos tempos. A tempestade política não dá sinais de quando irá arrefecer. O desemprego tende a se agravar com temida rapidez. As estimativas de queda do PIB atingem inacreditáveis 7%, se não mais, para o biênio 2015/2016. As altas dos juros nos Estados Unidos e no Brasil, somadas ao baixo preço das commodities no mercado internacional, contribuem para manter os motores da economia em baixa rotação. O clima é de espera da próxima notícia ruim: o rebaixamento do rating do Brasil pela Moody´s; o rearranjo político que paralisará ainda mais o Executivo; a canetada displicente que aprofundará a vala fiscal. Pena não existir um voo sem escalas para 2017. A única opção parece ser dirigir devagar pelas estradas esburacadas deste ano.
No trajeto, entretanto, vale ficar atento: oportunidades surgirão para quem estiver disposto a chegar mais forte ao ano seguinte. No âmbito das empresas, este pode ser um bom momento para enxugar as poças de ineficiência que sobraram; repensar modelos de negócio e buscar soluções criativas; adquirir ativos antes impensáveis ou mesmo recomprar aqueles que um dia foram vendidos a peso de ouro; usar a solidez financeira para diferenciar-se aos olhos dos investidores e captar recursos a boas taxas. Instrumentos e alguma flexibilidade para isso estão na mesa, como mostram as reportagens desta edição sobre a Instrução 476 e os certificados do agronegócio.
É também um bom tempo para fazer reparos no ambiente microeconômico. Projetos de lei trazem propostas para acabar com a gestão política das empresas estatais. A lei de recuperação judicial é testada em cenário de uso intensivo, abrindo espaço para ajustes convenientes. Escândalos suscitam a relevância de uma cultura ética e de um sistema de compliance que funcione nas organizações. Balanços financeiros com problemas resgatam as discussões sobre a atuação dos auditores, como explora reportagem “Tudo explicado”. Práticas de governança poderão ser repensadas na reforma dos níveis diferenciados de listagem planejada pela BM&FBovespa.
No ambiente macro, tudo indica que as políticas públicas irresponsáveis e seus efeitos perversos no longo prazo continuarão a ser desmascarados. Da mesma forma, alianças políticas e comerciais corruptas serão investigadas e, provavelmente, punidas, assim como seus autores. Pensando por esse lado, talvez o voo direto para 2017 não seja uma boa alternativa. O ano de 2016 poderá aparecer melhor na história do que em nossos pesadelos atuais.
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