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Entre o ético e o oportuno

A arte de investir com sucesso em companhias no longo prazo vai muito além dos números. Ou, melhor, muito além de qualquer coisa escrita. Por trás dos balanços, dos estatutos sociais, das políticas ou mesmo das leis, estão pessoas cujos comportamentos podem se revelar totalmente destoantes das letras. O quase bilionário empréstimo da Portugal Telecom (PT) ao seu acionista Grupo Espírito Santo, escandalosamente revelado em julho, expôs claramente essa contradição.

Como mostra a reportagem de Bruna Maia Carrion, a partir da página 16, a telefônica possui uma política com partes relacionadas detalhada e conservadora. Está lá: transações a partir de € 1 milhão têm que ser aprovadas pelo conselho de administração. Na vida real, porém, atitudes quebram regras. Embora o empréstimo seja 800 vezes maior que o piso e, ainda, de altíssimo risco, dada a cambaleante situação financeira do devedor, a operação não só aconteceu sem aprovação do conselho (segundo as declarações oficiais), como não teria sido informada a ninguém — nem mesmo aos sócios da Oi, cuja fusão com a portuguesa acabara de se concretizar.

E pensar que, algumas semanas antes, os minoritários da telefônica brasileira mergulharam nas letras da lei e da jurisprudência para tornar a transação mais ética. Eles tentaram convencer o regulador de que os donos da Oi não poderiam votar a respeito da incorporação dos ativos da PT que levaria à fusão: eles estariam, argumentaram, em situação de conflito de interesses, uma vez que a transação lhes era particularmente favorável por solucionar suas dívidas.

Se os comportamentos fossem simplesmente regidos pela ética, muita discussão teria sido poupada: os controladores abdicariam espontaneamente de votar, deixando aos minoritários a possibilidade de aprovar a operação com mais legitimidade. Assim como no caso da PT, porém, pessoas agiram da forma oportuna, a despeito do que diziam as normas — ou, nas circunstâncias da Oi, contornando as regras com uma astuta modelagem arquitetada para a fusão. Pena que a única oferta pública de ações deste ano estagnado tenha sido justamente a da telefônica. O exemplo não é nada proveitoso para um mercado de capitais que precisa urgentemente atrair empresas.

E, por falar em aberturas de capital, confira nesta edição uma análise dos impactos do pacote de incentivos anunciado pelo governo para promover a listagem de empresas médias. Os prognósticos indicam que as mudanças levarão tempo para acontecer, mas a iniciativa do Planalto de estimular o mercado vale uma comemoração.


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