É da natureza dos indivíduos — e das empresas por eles administradas — protelar uma iniciativa, especialmente quando há um prazo para fazê-lo. Assim, merecem louvor aqueles que preferem usar o tempo a seu favor, em vez de ficar a serviço dele. Foi o que fizeram as cinco empresas que anteciparam a utilização do boletim de voto a distância, concebido para possibilitar o voto do acionista sem procuração. Apesar de a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ter arrastado o prazo de adoção do mecanismo para 2017, essas companhias decidiram fazer logo a lição de casa — e, dessa forma, experimentar a novidade. O benefício, principalmente para aquelas com capital pulverizado, é a maior capacidade de arregimentação de quórum para as decisões de assembleia.

Também nesta edição de SELETAS, Leonardo Pereira, presidente da CVM, conta a Yuki Yokoi seus planos para a regulação. Dando de ombros para a crise, ele cumpre a agenda de organizar o mercado para quando os empresários voltarem a captar. Certificados do agronegócio, equity crowdfunding e condo-hotéis são alguns dos temas em pauta.

Outro destaque desta semana é a coluna de Carlos Rebello. Desconstruindo o pressuposto de que acionistas de emissoras de American depositary receipts (ADRs) estão expostos a menos riscos, por estarem essas companhias sujeitas a mais controles, ele alerta para os desvios provocados pela desigualdade de regras entre Brasil e Estados Unidos. À luz das ações de investidores contra a Petrobras, esta é uma boa hora para se revisitar paradigmas.