Hora de democratizar os investimentos de impacto
Já regulamentadas no Brasil, plataformas de equity crowdfunding formam um primeiro caminho nesse sentido
Ilustração de Daniel Izzo

Daniel Izzo | Ilustração: Júlia Padula

Os investimentos de impacto, aqueles que têm a intenção de gerar efeitos socioambientais positivos além de retornos financeiros, vêm gerando cada vez mais interesse entre os investidores, os empreendedores e o público em geral. Apesar da atenção crescente, no entanto, maioria das opções de investimento disponíveis no mercado ainda é de fundos de investimento em participação (FIPs) de oferta restrita — por força da regulamentação, acessíveis a poucas pessoas.

Os FIPs, sejam de impacto ou não, são produtos de alto risco, de longo prazo e sem liquidez imediata. Considerando essas características e pensando em proteger investidores menos sofisticados e que têm volume menor de recursos, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) limitou, com a Instrução 578, as aplicações nesse tipo de fundo a investidores profissionais — assim classificados os que dispõem de pelo menos 10 milhões de reais em ativos financeiros.

Nos últimos dois ou três anos, começamos a observar uma crescente demanda de investidores menores pelo apoio a iniciativas de impacto. Esse interesse — inexistente há dez anos, quando começamos a atuar no setor — agora adquire uma nova dimensão. Praticamente todas as semanas recebemos consultas de gente que quer investir 50 mil reais, 10 mil reais ou até mil reais em negócios de impacto.

No início ficamos surpresos, mas hoje faz todo sentido. Os investimentos de impacto tocam em temas caros às pessoas: apoiar negócios que querem melhorar a educação, oferecer soluções inovadoras para a saúde da população como um todo, gerar energia limpa e acessível, por exemplo. Da mesma forma que existe um movimento muito relevante de pessoas procurando alinhamento de propósito pessoal com o próprio trabalho, existe também uma busca crescente de alinhamento com o que o seu dinheiro está impulsionando.

Está na hora de tornar os investimentos de impacto mais acessíveis. E as primeiras iniciativas começam a surgir no Brasil. Desde julho de 2017, o País já conta com uma regulação específica para plataformas de tecnologia que oferecem a possibilidade de empresas (não só de impacto) realizarem captações públicas de dívida ou de participação acionária no valor de até 5 milhões de reais por ano. Em muitos casos, o investidor pode participar dessas rodadas de investimento aplicando a partir de mil reais. Desde o lançamento da regulação, o mercado brasileiro passou a contar com 12 plataformas registradas na CVM que, juntas, permitiram a captação de 24 milhões de reais por 32 empresas. Cada uma dessas rodadas de investimento teve a participação de 15 a 180 investidores. Por formarem um ambiente mais aberto, essas plataformas podem acomodar negócios e investidores com as mais diversas expectativas.


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Destacam-se nesse campo os investimentos feitos pela Din4mo, organização que trabalha no fortalecimento de empreendedores e na estruturação de soluções de financiamento para negócios de impacto. Por meio da plataforma Kria, a Din4mo fez captações bem-sucedidas para empresas como Simbiose Social (que conecta empresas interessadas em fazer investimento social por meio de recursos incentivados e projetos em busca de patrocinadores), Mais 60 Saúde (que oferece atendimentos médicos, de enfermagem e multidisciplinares para pessoas com mais de 60 anos), Programa Vivenda (que faz obras de baixa complexidade e alto impacto social em moradias de pessoas de baixa renda) e Impact Hub (rede global de espaços, pessoas e ideias empreendedoras que dispõe de escritórios de coworking, áreas para eventos e programas para empreendedores e consultorias).

Apesar de não serem reservadas aos negócios de impacto, as plataformas de equity crowdfunding estão ajudando a conectar os pequenos investidores com os temas que mais falam com seu coração. Com isso, virtualmente qualquer pessoa pode, com seu dinheiro, apoiar iniciativas que vão criar o mundo em que gostariam de viver. De fato, exercendo a democracia por meio de seus investimentos.


Daniel Izzo ([email protected]) é sócio-cofundador da Vox Capital.


 


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