Foco nas médias empresas que resolvem problemas
Hora é de investir em quem encontra saídas para desafios reais e navega bem na dinâmica cíclica da economia brasileira
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*Luciana Antonini Ribeiro | Ilustração: Julia Padula

Conhece o leitor aquela reação infantil que surge quando vemos algo errado e não queremos olhar, para fugir de situações que nos incomodam? Pois hoje mais do que nunca precisamos encarar os problemas com coragem. Afinal, eles podem ser riquíssimos em oportunidades se atuarmos com foco em soluções para amenizar alguns dos numerosos problemas estruturais brasileiros.

Empreendedores que percebem esse cenário “fértil” criam ou impulsionam negócios resilientes, imunes à dinâmica cíclica da economia e da política brasileiras, e com taxas de retorno financeiro similares ou superiores às tradicionalmente buscadas no mercado. Apoiar soluções para problemas reais é o caminho para se fugir à estagnação do País — que parece eternamente à espera de algo para começar a investir ou a fazer negócios, sejam as próximas eleições, sejam as reformas.

No Brasil, há uma lista de lacunas estruturantes em que é possível atuar, aliando melhorias nas condições de vida de milhares de pessoas a resultados financeiros relevantes. O que é excelente num país de juros baixos e fundamental para a sustentabilidade dos negócios.

Por aqui, a expectativa de vida é menor quando comparada à de outros países, a velocidade de banda larga fixa é quase um terço da média global e a qualidade da educação ainda deixa bastante a desejar. O desemprego é alto e muitas vagas não são preenchidas simplesmente por falta de qualificação básica. Quem acolher esse Brasil urgente, investir tempo e dinheiro e assumir um compromisso de longo prazo será capaz de criar um círculo virtuoso, imune às crises.

E é no ambiente das médias empresas — especialmente das que estão fora dos grandes centros urbanos — que hoje se encontram empresários que, por terem compreendido essa nova dinâmica, estão à frente de negócios que organicamente crescem a taxas de 20% a 30%. São empreendedores muitas vezes sem o glamour da formação em universidades internacionais ou o encanto das startups unicórnios. Mas eles são visionários. Enxergam os buracos limitantes brasileiros e os resolvem.


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Esses empreendedores melhoram a eficiência de cadeias produtivas, tiram do sistema hospitalar procedimentos médicos de menor complexidade,  ampliam acesso à saúde, levam tecnologia para a agricultura, inovam na gestão de resíduos, só para citar alguns exemplos. Em resumo, eles vivem o Brasil que tem pressa em suas questões essenciais e que independe dos ciclos de escassez ou de abundância, porque precisa seguir adiante.

Muitas vezes esquecidas pelos grandes investidores, as médias empresas brasileiras se destacam na construção de soluções porque têm capacidade latente de escala e são modelos provados no mercado à espera de um salto de produção. O aporte financeiro, somado ao apoio operacional, destrava esse potencial, oferecendo um conjunto de ferramentas e de talentos muitas vezes inacessível ao empreendedor médio — não apenas pela falta de recursos, mas também de networking.

No ambiente de investimentos é fundamental perceber esse movimento para que se consiga navegar na cíclica economia brasileira. E há capital disponível para investimento no Brasil. Os fundos de private equity começaram este ano com um dos maiores volumes históricos de recursos disponíveis para compras — um total de 39,3 bilhões de reais, montante que se iguala ao recorde de 2015, de acordo com dados da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap).

Esse novo papel do capital, de impulsionador de entregas concretas para desafios ambientais e sociais, influencia o desenho de portfólios pelo mundo, como mostra o relatório “Investing For Global Impact”, do jornal Financial Times, que envolveu 410 investidores de 56 países. Entre membros de family offices com idades de 35 a 55 anos, as decisões até há pouco tempo se baseavam na responsabilidade de fazer o mundo um lugar melhor. Neste ano, passou a ser decisiva a contribuição para o desenvolvimento sustentável e para o futuro.

Espaço e recursos existem. Está na hora de uma adesão maciça a esse mindset de responsabilidade e da adoção da construção de soluções como premissa de investimento, principalmente quando o setor público reduz gastos e abre espaço para uma participação mais comprometida de investidores privados com o Brasil. Há muito a ser feito. E não há motivo para esperar.


*Luciana Antonini Ribeiro ([email protected]) é sócia-fundadora da EB Capital


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